tag:blogger.com,1999:blog-64074493028536420262024-02-19T16:51:42.843-08:00BLOG CARLITIANOPedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-3151444362951061282014-06-11T10:49:00.003-07:002014-06-11T14:05:09.170-07:00<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana; font-size: 20.0pt;">Vai ter Copa. Se
reclamar terão duas!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Meu
nome é Pelego da Silva Kaiowá Rousseff, moro em um país tropical, abençoado por
Deus e bonito por natureza, e digo que vai ter copa. E vai ser a melhor copa de
todos os tempos. Nossos estádios estão construídos e serão de extremo conforto
para todos os cidadãos de bem. Claro, os vândalos já foram presos, como havia
de ser. Os moradores que deixavam nossas cidades mais feias, aqueles, aqueles
que nós sempre olhávamos e pensávamos “é, um dia ele vai ter que sair dali”,
foram retirados de suas casas humildes. Mas nós somos justos, daremos casas
apropriadas para eles. Por mais que demore, faremos isso pensando no bem deles.
O bem que apenas nós, cidadãos de bem, sabemos proporcionar. Afinal, essa vai
ser a Copa da paz e do respeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Acatamos
as demandas da FIFA sem pestanejar. Claro, nós os respeitamos, como havia de
ser. A festa também é deles. A festa também é do mundo inteiro. Não poderíamos
deixar que nossas leis, que foram feitas por políticos bobos e salafrários,
estivessem acima do bem estar de nossos visitantes. Quem acredita na política
brasileira? Antes as regras da FIFA que as do nosso congresso. Quem realmente
acha que nossa soberania está acima do maior evento esportivo da Terra? Nós nem
conhecemos nossa constituição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">E
nossos aeroportos? Que maravilhas! Nós dobramos nossa capacidade de locomoção.
Os containers que instalamos ficaram apropriados para receber nossos visitantes.
Depois da Copa a gente constrói os aeroportos de verdade. O importante agora é
que vai ter Copa. Quando eles ficarem prontos, nós, os brasileiros, os cidadãos
de bem, poderemos viajar por todo o país sem aquelas antigas dificuldades.
Imagino que até os preços das passagens irão baixar, pois afinal a busca por
esse transporte irá aumentar. Todo brasileiro poderá usufruir dos nossos
avanços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Somos
todos um Brasil! Durante um mês, vamos exaltar nossa seleção como único símbolo
nacional. Claro, ela nos representa, como havia de ser. Durante um mês as
divergências, as diferenças e todos os problemas não existirão. Vai Neymar,
estamos torcendo por você! Aquele cara que fala que o Messi é melhor que o
Neymar não sabe nada sobre futebol. Esse cara nunca assistiu uma partida do
Barcelona e fica falando bobagem. Esse cara é um pessimista, antipatriótico,
que só quer ver nosso país na lama. Esses caras nem deveriam poder assistir aos
jogos. Eles vão torcer contra a seleção. Contra o Brasil!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Esses
caras são tão cegos que não reconhecem nenhum avanço dos últimos governos
federais. Esses caras são estúpidos, reacionários e mesquinhos. Eles acham que
o Partido dos Trabalhadores não faz política para os trabalhadores. Eles não
sabem de nada. Banqueiro também é trabalhador, valeu brother? Os trabalhadores
nunca estiveram tão felizes em nosso país. Pode ver, saiu na última pesquisa do
IPEA. Procure saber antes de falar bobeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">E
esses pessimistas continuam reclamando, falando que certos estádios não eram
necessários e que o valor gasto neles poderia ser investido em outros setores,
tipo mobilidade urbana. Camarada, construímos outro estádio <st1:personname productid="em Porto Alegre" w:st="on">em Porto Alegre</st1:personname>, mesmo o
Grêmio tendo acabado de construir o seu, porque nós gostamos do desenho
arquitetônico. Respeitamos o Grêmio por ter seguido o padrão FIFA de estádio,
mas o nosso está muito mais bonito. Nossos visitantes merecem isso! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">São
Paulo também recebeu um estádio novo. O Palmeiras também acabou de construir
seu estádio seguindo o padrão FIFA, e nós o respeitamos por isso. Mas o
estádio é todo verde. Como nossos visitantes se sentiriam dentro dele? Construímos o estádio mais moderno da América Latina para os visitantes e para
a torcida do Corinthians. Claro, o maior time do Brasil agora tem um estádio
próprio, como havia de ser. Vai Corinthia! E ainda nos acusam de propagandistas
políticos, de populistas... Eles não sabem de nada mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Reclamam
da falta de investimento em mobilidade urbana. Vê lá no Ceará: as obras do VLT
já começaram e devem ficar prontas em 2019. Mas não, sempre vem um pessimista
antipatriótico dizer que nós não deixaremos nenhum legado. Esses caras são tão
bobocas que não percebem nem as melhorias em nossas estradas. Eles vivem na
bolha deles e acham que o mundo gira em torno do próprio umbigo. Eles não
sabem argumentar. Eles só ficam falando coisas ufanistas, parecendo torcida
de futebol. Calma lá, vamos conversar. Vamos trocar idéia. Eu aposto que os
convenço em menos que cinco minutos.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Verdana;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana;">E
eles ficam repetindo o discurso da mídia: “não vai ter Copa”, “não vai ter Copa”.
Bando de manés. Liguei a televisão ontem e assisti a TV Globo por três horas. Não
vi um comercial exaltando a Copa do Mundo. Aliás, desculpa. A melhor Copa do
Mundo de todos os tempos. Só vi comerciais pessimistas, falando para as pessoas
não assistirem aos jogos e etc. Tem um que até pede para torcermos pela
Argentina. Olha isso! Jamais torçam pela Argentina, eles são maus e cruéis. Ai,
cansado de não assistir nada sobre a melhor Copa de todos os tempos, mudei para
o canal de esporte. Aquele tal de Sportv, que também é da Globo. Ai fiquei
revoltado: são três canais e nenhum deles falou nada sobre a Copa. Um passou o
campeonato de curling durante o dia todo, o outro só falou de esgrima e o
terceiro, o pior de todos, só falou sobre os avanços que Machado de Assis
trouxe para a literatura brasileira quando aderiu as tendências realistas. Ninguém
falando sobre a Copa. E esses vândalos continuam repetindo o discurso do “Não
vai ter Copa”!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Que
nem outro dia. Estava conversando com um vândalo desses, mas o cara só falava
besteira. Me cansei e disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">-Você
não apóia a Copa do Mundo? Se continuar reclamando terão duas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Acho
que o convenci. Claro, como havia de ser.<o:p></o:p></span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-19699633193687175122013-11-28T21:46:00.000-08:002013-11-28T22:07:20.598-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<br />
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 20.0pt;">A Última Página da Enciclopédia</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">E lá foi Nilton Santos encontrar tantos outros
santos. Luto ou agradecimento? Pesar, pesado ou apenas contente? Mesmo não sendo
do seu tempo, agradeço. Agradeço de coração, imerso na estrela que te conduzia.
E tenho certeza, continuará conduzindo. Tu és eterno, monstro. Teus
concorrentes eram apenas laterais ou pontas abusados. Mas não tu. Tu eras gênio,
tu eras a classe operária intelectual, tu eras o futebol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">No último adeus compreendi que imortal não é o
burocrata que serve a Academia Brasileira de Letras. De fato, imortal é,
simplesmente, aquele que não morre. Aquela bandeira esticada sobre o caixão me confirmou
isso. Sarney morrerá, mas Nilton Santos seguirá eterno, eu afirmo. Afinal,
do que valem letras soltas perto de uma enciclopédia completa ou de apenas uma
estrela solitária?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Junto contigo foram histórias e gerações de
jogadores romanticamente ingênuos. Tão ingênuos que bobos eram os outros. O
futebol nunca mais foi o mesmo depois de ti. Ou devo dizer, o futebol jamais
será o mesmo depois de ti. Aceitar o trabalho como lar e dali construir família
e amigos era, e continua sendo, para poucos. Pouquíssimos. Para raros, como
tudo no Botafogo. Para os monstros, apenas, como tudo no Botafogo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Se Garrincha (teu irmão, compadre, afilhado e filho,
porque não?) cumpriu perfeitamente o papel de Nietzsche dos gramados, saiba que
tu foste a melhor interpretação futebolística de Hegel. E jamais cansarei de
dizer, obrigado por tudo. O apelido não lhe fora dado por estatísticas superficiais
ou por apenas seus dotes de carpintaria. Fora lhe concedidos, principalmente,
por ter sido o monstro da própria enciclopédia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Tua nareba banhada pelo bigode cinzento ainda é
imitada nas lojas de mágica. Era apenas pôr uns óculos naquela face que ninguém
acreditaria que tais genéticas fossem originais. Punha um destro na lateral
esquerda e ninguém acreditaria que tal genética fosse original. Punha um
malandro de joelhos enviesados para jogar que ninguém acreditaria que tal genética
servisse pro esporte. Ninguém, menos tu, monstro. Ou melhor, ninguém antes de
ti. Tu eras diferente dos demais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Afirmo não estar triste pelo seu falecimento.
Desculpa, meu velho, mas tu não eras humano para chegar ao ponto de falecer. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Incansável, sigo: Muito obrigado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kxf3ZlwHO6-8HKn3FU_K3NkSg_E3CmypBpnrWQJS5sRZ0cReWyjvsHeEPAnLpqLOBEOIYBVQeZB1Q-zkZMmWoOFutrNFDJeqKy4QjF8Tc8zBDyxQS7CV2O58L-NwohJV8Ir9_ZQZMCk/s1600/IMG_7568.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kxf3ZlwHO6-8HKn3FU_K3NkSg_E3CmypBpnrWQJS5sRZ0cReWyjvsHeEPAnLpqLOBEOIYBVQeZB1Q-zkZMmWoOFutrNFDJeqKy4QjF8Tc8zBDyxQS7CV2O58L-NwohJV8Ir9_ZQZMCk/s320/IMG_7568.JPG" width="213" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 16.0pt;">Bem-vindo Hyuri botafoguista</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Após o
derradeiro apito, as especulações começaram. O sábio profetizou:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Esse
garoto é o novo Maradona.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Enquanto
o cético apenas profanou:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Esse
garoto é o novo Vitinho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Eu,
entre um ser teoricamente iluminado e um imbecil sem criatividade, ou criação, não
sei, mantive minha mediocridade e disse:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-O
Vitinho é o novo Hyuri.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
cheiro de fezes infectou o ar e ambos me olharam torto: O sábio suspendeu a sobrancelha
pela primeira vez na vida; e o cético riu ironicamente pela última. Meu remédio
já havia se esgotado e o refil não me deixou reabrir a boca ou pedir desculpas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Porém,
assim espero, vocês não são sábios ou céticos. E digo que espero pelo simples
fato de não merecer vossas atenções. Sábio é Jesus Cristo que se suicidou por desprezo
a humanidade e cético é Sócrates que se suicidou por justiça. Ou o inverso, ninguém
sabe. Ninguém sabe!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Calma
Zaratustra, já voltarei ao Hyuri. Esse não é sábio nem cético. Botafogo não tem
espaço para isso. Botafogo não tem espaço para jogadores perfeitos, cracks ou
mocinhos simpáticos. O Botafogo é lugar de gênios, monstros, loucos e
imperfeitos. Aqui, mais vale a imaginação que a imagem em si.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Quando
um normal pisa em
General Severiano, o ato espontâneo do segurança é espancá-lo
até a inconsciência para em seguida aterrizá-lo no Pinel. Ou por acaso vocês
acham que a proximidade entre o Botafogo e o manicômio é desproposital? Nossas idéias
e ídolos saíram de lá. O nosso sarcasmo é incompreensível, até mesmo para nós,
e nossa história é insana. E mais uma vez o Botafogo provou ser maior que
qualquer humano. E Chico Sá, seu bobão, o Seedorf ou qualquer outro jamais
conseguirá acabar com o botafoguismo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E
os Yuris pouco nos perturbaram. Aliás, Vitinho que vá se atolar na neve ao lado
dos russos. Eu prefiro o Hyuri, de nome corretamente errado e mais perverso que
qualquer encasacado. Publicamente torcedor do Botafogo, Hyuri mostrou em campo
e na fala que está muito à frente de qualquer japonês negro que opte por morar
na Rússia.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
maior desejo dos católicos é encontrar Deus ou qualquer outro santo, por mais
infame que seja. Mas Hyuri é diferente, tem outra espécie e gênero de
religiosidade. Ele sabe que não cantamos “a bênção João de Deus, nosso povo te
abraça”. Ele não é aristocrata para achar que sabe o significado de bênção, Deus
e povo. Tão pouco almeja abraçar qualquer João. O maior desejo de Hyuri é
entrar para do livro sagrado dos botafoguistas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Bem-vindo
Hyuri, você conseguiu.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Brian
Johnson tinha razão, “Botafogo is just... Botafogo”! </div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-32165027840621606062013-06-18T18:23:00.003-07:002013-06-18T18:33:47.140-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 20.0pt;">Eu tive um pesadelo
essa noite...</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Eu
tive um pesadelo essa noite em que jovens ocupavam as ruas. Eu tive um pesadelo
essa noite em que a cidade parava para aplaudir a juventude e toda sua força.
Eu tive um pesadelo essa noite em que todas idéias se faziam válidas, menos as
terceirizadas por partidos. Eu tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Os
jovens não tinham medo. E acredite, até mesmo o calvo grisalho de bengala
demonstrar uma juventude invejável aos olhos passageiros. Eles não saíram de
casa para ir à balada ou ir brincar de amarelinha. O parque de diversão deles,
agora, era a cidade. Eu tive um pesadelo essa noite que a cidade era deles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Anarco-punks,
comunistas, baitolas e batutinhas, todos se fizeram presente. Se a união faz a
força, foi exatamente na singularidade de cada um que me assustei e quase
despertei. Não era para eles estarem do mesmo lado. Eles nunca estiveram do
mesmo lado. E o pior, todos estavam confiantes e sorridentes. Seus dentes eram
visíveis mesmo encobertos por panos. Sim, aqueles eram os caras-tampadas. Eu
tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Seus
rostos tampados não eram por vergonha. Talvez fosse também por proteção. Mas
era principalmente por ideologia. Eles eram eles, sem nome, RG, CPF ou qualquer
burocracia que lhes perturbe. Eles mostraram que tinham coragem e ousadia, e
essa sempre foi a ideologia que mais temi. Eles eram jovens, deveriam estar
bebendo ao som de sertanejo. A rua ocupada por caras-tampadas? Isso nunca
poderia ser controlado. Eu tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Os
partidos políticos sofreram uma espécie nova de coerção-social. Suas bandeiras
não representavam mais os jovens. Como isso foi acontecer? Eles têm de se
organizar em grupo. Eu
prezo o diálogo entre os grupos. Mas na cidade não havia mais grupos. Havia um
grupo: o povo. E qual foi a reação dos partidos? Abaixarem suas bandeiras e
permanecerem civis. Eles nunca se sentiram tão parte do povo quanto naquele
dia. Eu tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">O
povo se dividiu após o primeiro ato. Todos que prezavam a paz e o movimento
pacífico foram para suas casas ou para os bares aos arredores, felizes pelo
belo desempenho que tiveram. Mas o problema era outro. Agora eles tinham
escolha, pois parte do movimento seguiu. E os remanescentes não queriam mais
brincar. Desta vez, quem não queria diálogo eram eles. Eles e suas caras
tampadas. E a assembléia legislativa ficou pequena, a polícia foi expulsa, o
tempo parou e a fumaça sumiu. Mas o que eles queriam? O fim do voto parlamentar
secreto? O fim dos salários que os parlamentares tanto suavam para conseguir?
Ou apenas mostrar sua força? Na dúvida, prefiro afirmar que eles queriam tudo
isso. Eu também já fui jovem e também queria o mundo naquela idade. Mas eles?
Eles querem acabar com o meu mundo! E eles me aterrorizaram. Eles eram muitos.
Eles eram fortes. Eles eram contra o estado de direito. Eles eram contra o
estado. Eles eram contra todos os direitos que nós conquistamos. Eles queriam
começar tudo de novo. Eu tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">E
os bombeiros, ao passarem, eram homenageados pelos jovens. Ao som de aplausos e
congratulações, eles expunham suas fases para fora dos caminhões, esbanjando
largos sorrisos, e apertavam as mãos de todos os manifestantes. Eles também
eram manifestantes. Eles também tinham estado em confronto comigo recentemente.
Eles também eram parte daquilo. E ao saltarem de seus veículos e correrem em
direção os feridos, os demais manifestantes faziam cordões humanos para
facilitar o trabalho. Porque? Eles não estavam ali para ajudar alguém. Eu
achava. Precisava começar justamente pelos bombeiros? Eu nunca tinha visto um
funcionário público ser tão prestigiado quanto naquele dia. Eu tive um pesadelo
essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">A
estátua de Tiradentes trajado de Jesus Cristo explodiu e o povo celebrou. A
assembléia legislativa só seria reaberta após o fim dos privilégios de seus
servidores e do voto parlamentar secreto. O povo estava dentro dela e não
haveria bomba que os tirassem de lá. Eles não queriam a democracia
representativa. Eles se auto-representavam. Mas eles não podiam fazer isso.
Eles eram muitos. Eles eram jovens. Eu tive um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Nenhum
policial podia mais andar fardados nas ruas, antes que de seu oficio fosse
tirado o serviço militar. Nenhum ônibus público podia mais circular às ruas até
que uma investigação culpasse a máfia dos transportes pelo descaso do serviço.
O pescoço dos mafiosos nunca valeu tanto. Não havia um monumento em toda a
cidade que homenageasse políticos. Nomes de ruas foram trocados. Corruptos
sofriam perseguição pela cidade. Obras públicas que usávamos para lavar
dinheiro foram ocupadas. O salário mínimo tinha chegado à valores astronômicos.
Professores eram os profissionais mais bem pagos, junto com os médicos. E os
advogados aprenderam a se contentar com o mínimo. Quem me defenderia? Eu tive
um pesadelo essa noite...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Eles
perderam o medo e eu não sabia o que era isso até então. Onde estavam todos os
aparatos de controle populacional que demoramos anos montando? Não funcionavam
mais. Eles inverteram o jogo. O único controle exercido agora era o político.
Eu deveria ter sido engenheiro. Ser político não me trazia mais nenhuma
vantagem. Eu tive um pesadelo essa noite.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 16.0pt;">Eduardo Cabral</span></i></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-85268062248539125032013-05-07T12:47:00.001-07:002013-05-07T12:47:41.260-07:00<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 20.0pt;">O Velho Alcindo</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Alcindo é um sujeito pacato, que vive
nas cercanias de Madureira e nunca teve muito do que se preocupar, a não ser o
time que torce. Assim como todos os demais de sua tribo futebolística, ele
optou pelo Botafogo por puro delírio de elegância. E digo optou, porque nunca
foi forçado a tal. O único ser teimoso que também acreditava no impossível
dentro de sua família era seu falecido avô. Problemas na escola e em jantares
de família sempre fizeram parte de seu cotidiano. Mas hoje, no auge dos seus 77
anos e já cansado de contar os privilégios do absurdo, ele não discute mais com
qualquer um. Assim como o time que escolheu torcer, sua discussão se limita
para poucas e boas mentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Na última sexta-feira,
após uma semana exaustiva e pouco produtiva, pois havia perdido todas as
partidas de xadrez disputadas na praça, resolveu que deveria ir à Volta Redonda
assistir à final. Vale lembrar que nenhum botafoguense decidi ir a qualquer
jogo; o botafoguense é convocado pelos mesmos mistérios maravilhosos que
enlouqueceram Nietzsche. E dessa forma, qualquer obstáculo não seria capaz de
remediar tal loucura. O primeiro desafio, aquele que faria até Hércules
desistir de trabalhar para tirar folga, entrou em seu caminho: os ingressos se
esgotaram.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas Alcindo,
dentro de sua magnitude ultrajante proveniente de anos torcendo pelo time que
tanto lhe ensinou sobre a vida, sabia que estaria infiltrado no Raulino de
Oliveira domingo. Longe de ser um cara arrogante ou violento, ele não tardaria
a matar algum coitado para conseguir seu ingresso. Idosos não podem ser presos,
mas podem e devem assistir aos jogos de futebol. E Seu Alcindo não é o tipo de
velho que entra de graça em estádios. Costuma dizer que isso é coisa para
sedentários.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sábado de
manhã, seu neto mais chato o ligou e avisou sobre a venda de ingressos
remanescentes dos sócios. Perguntado pelo jovem se poderia o acompanhar ao
jogo, Alcindo foi sucinto:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Acompanhar
eu não acompanho. Vá procurar alguma menina para ir com você. Mas não se
esqueça de comprar o meu ingresso! – e pôs o telefone no gancho com um sorriso
colado pela sobra de Corega.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Almoçou
com suas pessoas favoritas: sua espoca, Garrincha, Che Guevara, Louis Armstrong
e Dom Quixote; todos presentes por fotografias, menos o último que estava parado
como uma estátua na cadeira à sua esquerda. Já cansado de tanto conversar e com
a barriga cheia, decidiu que era hora de começar a concentração para o jogo
decisivo. Escovou a dentadura e foi tirar vantagem na praça. Como qualquer sábado
ensolarado em Madureira, todos os idosos estavam jogando dama. Diziam que
xadrez era muito sério para finais de semana. Aproximou-se do Seu Juarez, e
disparou:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Estou
indo para Volta Redonda assistir a decisão... – e Juarez, um idoso abusado e dono
de uma barriga latifundiária, perguntou:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-E você
realmente acha que seu time ganhará do meu tricolor?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E aquela
singela pergunta rejuvenesceu Alcindo 45 anos, e sua bengala deixou servir como
apoio para virar uma arma medieval. Ninguém sabe onde Juarez foi atingido, só é
sabido que este nunca mais pisou na praça. Passados 50 minutos, Alcindo se
explicou aos remanescentes:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Não
fiquei com raiva dele. Fiquei com raiva de mim, pois esqueci que não se deve
falar com tricolores em semana de jogo – e outro amigo, um trovador, continuou
a conversa:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Mas então
Alcindo, quem leva o caneco?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Apostaria
no América, mas não apostaria no Botafogo. Nunca vi o meu time ganhar quando
estava confiante. O meu time não é previsível como os demais, por isso a graça
de torcer por ele. Eu gosto de ser surpreendido no final de um filme, enquanto
vocês preferem continuar assistindo Xuxa – e se retirou. Chegou em casa e foi
dormir. Sabia que o dia seguinte seria longo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Acordou ás
5 da manhã, pois perdera o sono para a ansiedade. Às 11, seu neto ligou
avisando que passaria meio-dia para buscá-lo. Tomou um banho, almoçou com seus
amigos favoritos e foi esperar na portaria. Quando seu neto estacionou o carro
na frente de seu prédio, ficou surpreso ao ver uma linda moça no banco de
passageiro. Não era sempre que o jovem escutava seus conselhos, e quando
escutava, executava-as de forma pouco virtuosas. Mas dessa vez o acerto foi
preciso. Além de linda, também era botafoguense.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Chegando
ao estádio, deixou o casal surpreso quando se despediu. Ambos acharam um
absurdo um senhor de 77 anos assistir ao jogo sozinho, mas Alcindo não estava
sozinho. Sabia que outros 8 mil botafoguenses estariam ao seu lado. Antes de o
time entra em campo, ele se levantou e não conseguiu assistir o primeiro tempo
sentado. E toda sua ousadia foi posta pra fora quando viu Marcelo Mattos tomar
uma porrada em plena área, próxima a torcida alvinegra. E como qualquer bom
torcedor, começou a brigar com um desconhecido quando ouviu:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Expulsa o
Thiago Neves.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Alcindo,
como um garoto de 22 anos, caminhou até o profanador e disse:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Expulsa é
o cacete. Espanca, porra! – e o garoto acatou o aviso e mudou o linguajar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>3 minutos
depois assistiu Bolívar, o zagueiro de nome mais bonito da história do
Botafogo, dar um encontrão no camisa 11 adversário, levantar a cabeça, encarar
o mau-caráter e mostrar que ninguém estava ali para brincar. Automaticamente, Alcindo
lembrou da história que seu avô lhe contava sobre o Botafogo e América de 1911,
e sentiu que aquela equipe gloriosa poderia voltar a ser também “O Clube de
Capa e Espada” de outrora. Um time de garotos e veteranos de verdade, onde
irmãos mais velhos defendem os mais novos e onde ninguém aceitaria ofensas
gratuitas. Lágrimas nunca haviam lhe feito companhia até aquele dia. Acreditou
até que seu avô ficaria orgulhoso com a postura do nosso atleta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mais do
que nunca, o Botafogo merecia a vitória e sempre que a torcida começava a
cantar o hino, Alcindo apenas gritava no verso: “Não podes perder, Perder pra
ninguém!”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E após o
primeiro gol legítimo ser furtado na mais leviana cara de pau, o time com
feições literárias marcou. O Faraó Turco não tardou a satisfazer seus súditos.
Perdeu a primeira batalha, mas jamais entregaria a guerra. Seu verdadeiro
oponente, o bandeirinha, nada pode fazer a não ser correr para o meio de campo.
Subitamente, toda a raiva de meses passou, e Rafael Marques se tornou herói. No
domingo, qualquer um viraria herói; qualquer um trajado de preto e branco. E as
coisas conspirarão para tal: mesmo o mais azarado dos humanos conseguiu marcar
seu gol. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A partir
do intervalo, Alcindo sentiu uma confiança inédita. Algo lhe dizia que nada
interferiria no resultado e conseguiu, pela primeira vez na vida, assistir
parte de uma decisão sentado. Viu Edinho tomar um drible com sotaque holandês e
ser substituído 5 minutos depois, com cabeça baixa, ainda à procura da bola. E percebeu
que até os adversários estavam admirando o campeão, mesmo que de forma pouco
convencional. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Viu também
o juiz de pouco juízo anular mais um gol alvinegro. Dória Gray merecia aquele
gol, e o Holandês sabia disso. Caminhou até a marca do pênalti, tirou a bola
das mãos de Lodeiro, estufou o peito, mirou no travessão e entortou o poste suspenso.
Ele sabia que aquele gol deveria continuar com a assinatura do jovem. Seedorf
aceitou o papel de Lord Henry que ainda faltava ser preenchida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Mas Alcindo, botafoguense calejado,
só esbravejou “É campeão!” no apito final. E gritou “É campeão!” por ele, pelo
neto, pela esposa, por Garrincha, por Dom Quixote, por Abelardo De Lamare, mas
principalmente por seu avô.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Sabia que era apenas mais um título
do Botafogo que cientistas do mundo todo tentariam explicar em vão. Alcindo sabe,
acima de qualquer coisa, que o Botafogo não é para ser explicado; É para ser
admirado!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: -18.0pt; margin-right: -24.8pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Vida longa, Seu Alcindo!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-23391081222602031772013-04-14T17:34:00.003-07:002013-04-27T12:05:04.301-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 16.0pt; mso-bidi-font-family: "Courier New";">Quando o profeta fica em dúvida</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ausentei-me nestes últimos tempos por
conta de uma mallandragem inesperada, mas espero voltar ao mesmo ritmo de
outrora. Preciso começar já alertando-vos sobre o meu receio com relação a toda
esta euforia alvinegra. O nosso clube nunca ganhou nada partindo da alegria ou
da excitação. Nossas glórias são provenientes de muitos ensaios, pancadarias e discussão.
E vale ressaltar que metade das decisões do Botafogo são resolvidas na mesa de
bar, pois é lá aonde montamos nossas assembléias constitucionais do futebol
ultrajante. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nós devemos nos precaver, desde já, a
qualquer imprevisto que apareça. E, faço questão de frisar, surpresas nunca
foram surpreendentes no nosso habitat. Todos reclamaram do pagamento integral
de nossa dívida a partir dos direitos televisivos. Todos reclamaram que o
Grande Engenho foi fechado de forma irregular. Todos reclamaram da expulsão absurda
do Seedorf. Beleza, nos primeiros dias após estes acontecimentos eu também fiquei
revoltado. Mas o Botafogo não merece a revolta infantil de seus discípulos. Se
ganharmos sem ter do que reclamar, não comemoraremos. Gostamos que nos roubem, porque
gostamos de sobressair aos infames desta terra. </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas isso não é algo relevante perante o
primordial erro. Estamos cantando vitória antes da hora. Esta é a principal
afronta que podemos cometer. Este grupo de coitados que se sente na dignidade
de torcer pelo Botafogo, trajados de fúria, estão nos levando para uma das
maiores catástrofes de nossa história. São tão espertos e sagazes que ainda
hoje não analisaram que nós perdemos quando temos tudo para ganhar e que
ganhamos quanto temos tudo para perder. E, mesmo quando esta equação de torna
real, os titãs saem da prisão e aterrorizam nossa casa. Alguns parnasianos
chamam isto por Roda Viva, eu prefiro chamar por Botafogo. E vou mais além,
afirmo que qualquer ser que tem o encéfalo desenvolvido não consegue dormir por
medo dos titãs. E eles estão se aproximando, com suas cabeças de dinossauro.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Este momento histórico em que vivemos
me faz recordar de uma cena bem peculiar que é de meu encanto. O protagonista
está sentado à mesa, numa reunião familiar, quando uma tia-avó distante resolve
interromper seu desafogo psicológico questionando-o sobre o caminho religioso
que este daria para sua recém-nascida cria. Assustado com tamanha audácia,
pensa no significa de caminho e de religioso e responde sabiamente:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Não saberia dizer ao certo, ainda estou
em dúvida entre o ateísmo e o agnosticismo.</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Aprendam, meus caros, que o caminho
para a gloria não deve ser tramado pelo objetivo, mas pelo acaso. A obrigação e
as análises precoces só servem para nos convencer a bater cabeça contra o real,
enquanto que de real o Botafogo não tem nada. Volto a repetir, o Botafogo é
pura literatura. E qualquer escritor de meia categoria sabe o quão obscuro é a próxima
página.</span></b></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-34007415950793817972013-02-22T17:57:00.001-08:002013-04-14T17:51:21.199-07:00<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<h2>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A volta do que não foi</span></b></h2>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Primeiramente, desculpem-me. Estou ciente que este
é o título mais pífio que qualquer escritor possa escolher. Porém,
compreendam-me: percebi, após o último clássico, que certas coisas correspondem
precisamente ao significado de seus nomes, ficando evidente que o Cárceres
nascera com o nome devido. Uma tenebrosa surpresa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Como vocês provavelmente não notaram, o blog esteve
de férias nestes últimos meses. Portanto, iniciarei 2013 com um rasteiro resumo
dos acontecimentos, em minha vaga opinião, relevantes. Como meu psicanalista
imaginário falou que estou sanado e que o tratamento não será mais necessário, aviso
desde já que irei menosprezar o meteoro russo, a ordem cronológica e científica
dos fatos e a crise existencial do Papa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Começarei com o pênalti perdido por Ronaldinho
Gaúcho contra a Inglaterra, ou seja, contra o país que inventou o Futebol. Meus
caros, não quero discutir sobre a convocação dele, apenas decorrer sobre as
regras futebolísticas. Estas são as únicas que devem ser respeitadas, dentre
todas as esferas. E não me refiro a escanteios, impedimentos ou prorrogações
pouco londrinas; atento-vos para as verdadeiras máximas do jogo, tais quais
“existem coisas que só acontecem ao Botafogo”, “se concentração ganhasse jogo,
o time do goleiro Bruno não perdia uma” e “pênalti mal marcado não entra”.
Mesmo Pelé perderia aquele gol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Falando nele, sigo afirmando que Pelé é rei, única
e exclusivamente, quando se encontra de boca cerrada. Mesmo quando concordo com
ele, continuo repudiando-o. Todos tratam o Neymar como se fosse o novo Billy The
Kid, ou como a encarnação do Caipora ou como o redentor das multidões. Ele não
é nada disso. É apenas um simples e singelo imbecil de 15 anos de idade que
ainda não percebeu que futebol é jogado com 11 por algum motivo. Recuso
acreditar que pessoas que não conseguem levantar a cabeça e observar que
existem outros a sua volta possam chegar ao patamar de ídolo indubitável. Prossigo
defendendo seu lugar cativo no bando de reservas da seleção e que a morada do
rei seja nos States.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Porém, existem outros em pior situação. Todo e
qualquer jogador do Botafogo que veste a camisa da Nike retorna amaldiçoado,
vide o caso do filho do Chico Mendes. No entanto, como é de praxe, alguém
poderá argumentar: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Mas a seleção é boa, ela valoriza os jogadores...”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É? Então porque o Lucas não foi vendido logo após
seu retorno? Ainda peço assinaturas no abaixo assinado que propõem tornar lei a
prisão de certos atletas na Granja Comary e só soltá-los quando estiverem
benzidos. Benzidos ou aposentados, tanto faz. Começaríamos, óbvio, com os
laterais direitos que não sabem atacar nem defender; ou seja, as faxineiras
alérgicas a alvejantes e alcoólatras do futebol.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Elucidando a conversa, acreditei, um pouco mais
recentemente, que o Oswaldo tinha compreendido o que era treinar o time de
General Severiano. Fatídico engano. Aquele “vamos matar estes putos” foi
pronunciado por Odin e, pouco tempo depois, percebemos que não havia passado de
uma fantástica interpretação religiosa. E, quem melhor que o Faraó Turco para
curá-lo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A volta do que não foi. Esperaremos os próximos
dias para saber como anda os poderes sobrenaturais desta incógnita em forma de
ser. Seu histórico é desfavorável e seu futebol é pífio, mas ele veste preto e
branco. Como meu ex-psicanalista dizia, nunca confie em um careca oriundo de um
império oriental que ri parecido com o Juscelino Kubitschek. É desesperançoso
saber que ele é a nossa última esperança. E é exatamente por ter tantos fatores
contrários que tenho convicção em seu êxito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Afinal, esperança nunca foi e nunca será uma máxima
do Botafogo.</span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-82248258193055464252012-12-13T19:43:00.001-08:002012-12-13T20:02:41.265-08:00<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 16.0pt;">Tudo é culpa do
Oswaldo!</span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana; font-size: 16.0pt;"></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Cheguei à portaria do meu prédio às três
e meia da manhã. Confesso que em estado pouco comunicativo. Porém, seguindo a
cartilha de qualquer bom lorde inglês nascido em Taubaté, deferi o cotidiano
“boa noite” ao porteiro. Este, como qualquer bom ser solitário da madrugada,
retrucou a mesma frase, no entanto com entusiasmo carnavalesco. Enquanto
esperava o elevador, não pude deixar de pensar na carência humana exaltado a
partir de um simples comprimento social básico. Ébrio, perguntei:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Zé, como vai seu time de pelada? – ele
jogava num escrete de várzea. Feliz como um cão recém-chegado à uma barraquinha
de cachorro-quente, responde:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Eles são muito ruins; Eu tenho que
jogar no ataque, na defesa, no meio-de-campo e até na lateral.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O elevador chegou. Inquieto mentalmente,
não pude deixar de refletir sobre o tamanho de tal audácia futebolística. Como
um dito jogador pode chamar outro de ruim se ele próprio não tem posição fixa?
Não obtendo alguma conclusão interessante, fumei o último cigarro e dormi.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Semanas se passaram até que um dia eu
fui jogar bola no Aterro. No decorrer da partida, observo se aproximando das
dimensões do campo ele, o Zé camisa 39. Curioso como sempre, permaneço após o
jogo para assistir aquele camaleão futebolístico em ação.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ele começou jogando na trincheira,
atuando feito um Fábio Ferreira. Para os leigos, era um porco prestes a ser
abatido. Por tanto medo de perder a vida, ou tomar um drible, não pensava em
outra coisa a não ser destroçar o adversário; ou o abatedor. Conforme o jogo seguiu, o atacante de
“ofício”, detentor de um polvoroso espírito com capacidades físicas pouco
correspondentes, pediu arrego e esbravejou:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Zé, troca de posição?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E o craque, sem emitir um único som,
começou sua cruzada individual à margem oposta, semelhando um príncipe
dinamarquês em dia de casório. Passaram-se cinco, dez, quinze minutos e nada.
Faltava um Gérson no meio-de-campo. Ou um cometa. Mas eis que, vinte minutos após a troca de posição, Zé domina a bola na marca do pênalti. Sem
adversários próximos, apenas o goleiro, ele tenta ajeitar a danada, mas ela é
rebelde. Mesmo assim, ele avança em direção ao gol. O goleiro cresce em sua
frente, apesar de ter altura de um Hobbit. (trocadilho ridículo, eu sei). Zé
finge que não vai, e vai. Finge que vai, e vai. Arquiteta um chute assassino e
o goleiro rouba a pelota de seus pés. Fim de jogo. 1 a 0 para o outro time.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Você pode estar se perguntando qual é a moral da história, afinal. Responderei, antes de qualquer balela, que esta é mais uma de muitas curiosidades
infames e mesquinhas que um leitor pode ter. No entanto, como vossa vontade não impera
sobre minha escrita, faço questão de explicar-lhes. Botafoguenses, cuidado! O
Oswaldo continuará blasfemando nosso clube aos quatro ventos. Porém, como não
me é de costume, peço-vos que não o apedreje. Ele não sabe o mal que nos faz,
tão pouco as besteiras que diz. Se ele diz que futebol moderno não precisa de atacante de origem, eu digo que ele não entende quatro coisas na própria fala: O significado de atacante, de origem, de futebol e, muito menos, de modernidade. </span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-52650344998421563592012-10-03T00:28:00.001-07:002012-10-03T08:47:59.198-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<br />
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 14.0pt;">Cinema, Freixo e a Revolução
Egípcia (ou Quando os Elefantes vão à Guerra até a Grama Sofre)</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ainda surpreendo-me com a capacidade de
transformação/transmissão de uma sala de cinema. Não saberia afirmar,
exatamente, quantas vezes tive esta sensação, mas posso afirmar que uma
renovação, principalmente ideológica, sempre é benigna. Assisti o debate da
Record na terça e ontem fui, pela primeira vez este ano, ao Festival do Rio. A
princípio, aos olhos de qualquer vago leitor, tais recortes pouco têm haver entre
si. Pois bem, surpreenda-se também. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Os filmes assistidos foram “Documentando... Uma
Revolução”, sobre a Revolução Egípcia, e “Síria, Arrebentando no Ponto mais
Fraco”. Confesso, desde já, que há muito não me emocionava tanto no cinema. Foi
maravilhoso ver dois povos lutarem por causas tão latentes no mundo atual com
uma raiva furiosamente jovem, sempre contadas por um ponto de vista pouco
convencional em nossos meios televisivos. Civis, alguns desarmados outros nem
tanto, esbravejando que morreriam por uma causa maior, a liberdade de seus semelhantes.
E acreditem, pela primeira vez ouvi esta frase e ela não me soou fascista. Eles
realmente acreditavam no bem-estar do próximo e das próximas gerações. Eles realmente
acreditavam que tinha chegado a hora de lutar. Eles realmente acreditavam que
nada deveria parecer impossível de mudar, apesar de muitas coisas nunca terem.
Tudo isso a partir de um meio de comunicação revolucionário: este meio que vos
transmito minha singela opinião.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Voltando para o Rio de Janeiro, que pela
primeira vez em sua história foi diminuído em apenas um pelo Dudu, chegamos a
Marcelo Freixo. Não tão primeiramente assim, mas ainda sendo válido, quero
frisar que até ontem meu voto seria nulo. Não confio em político algum e, muito
menos, nesta máquina política taxada, rudimentarmente e demagogamente, de democrática.
Mas todos devem ser tangíveis a mudanças, e abrir a própria cabeça às vezes se
faz necessário. Porém, sempre deixar de querer o impossível para algo mais recorrente
traz menos sofrimento. E eu amadureci na primavera carioca, exatamente após uma
cena do filme “Documentando...”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Com a Praça Tahrir já dominado pelo povo
egípcio, após batalhas homéricas em 18 dias de confrontos, todos os expoentes
da terceira civilização que mais me agrada historicamente estavam sedentos pelo
anúncio oficial da renúncia do presidente. Este pede o microfone de fala: “Eu
também tenho filhos e acreditem, eu também já fui jovem como vocês”. A cena é
cortada para uma entrevista com uma ativista que diz, categoricamente: “Eu não
posso afirmar se ele já foi jovem, porém posso garantir-lhes que nunca foi como
nós”. Esta ênfase, quase que arrogante, faltava ao jovem. Mas já não falta
mais. A cena volta para a Praça Tahrir, mostrando o povo caminhando em direção
ao palácio presidencial. Após cercado, o presidente enfim renuncia convencido
de suas próprias limitações. Depois é pura literatura. Fez-se o carnaval fora
de época. Festa muito mais comemorada, pela simples razão de ter motivos para
tal. A liberdade não lhes bateu a porta. Eles a escacharam antes de ela poder
pronunciar suas últimas palavras. Agora eles a controlariam, ninguém mais.
Enfim, a juventude chegava ao poder. Sem lideres. Sem princípios. Sem ambição
de domínio. Apenas a demonstração da força de um povo. Apenas a demonstração de
um povo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">A partir dali entendi a campanha do Freixo. Um adversário
que tem 17 minutos de campanha eleitoral em comparação aos 13 de todos os
outros candidatos juntos não pode ser taxado como democrático. Todos sabem pelo
histórico do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) que este nunca
teve ambição alguma de, sequer, fazer jus ao próprio nome. A hora de mostrar o
que este câncer político brasileiro representa é agora.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">O Segundo turno seria de uma avalanche
desmoralizante que, talvez, faria com que todos os candidatos repensarem suas
campanhas daqui pra frente. Meus caros, seria com muito prazer que afirmaria
ver o conteúdo ultrapassar a forma. O que a internet representa para a
comunicação do indivíduo jamais poderia ficar fora de uma conversa
eleitoral/política. E Freixo a utilizou com louvor, funcionalmente e
semanticamente falando.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana;">Havendo segundo turno ou não, gostaria de deixar
registrado que esta foi a maior campanha eleitoral que já vivenciei, e agradecer
ao Marcelinho por ter levado tantos jovens, não só a crer na mudança política,
mas, principalmente, por ter-lhes dado prazer em discuti-la. Mcluhan
afirmou que o meio é a mensagem, mas ele não vivenciou a virtualidade de nossa
época. Eu, carlitianamente como sempre, afirmo que o meio é a revolução e
grito: “Uh, é o Freixo; Uh, é o Freixo”.</span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-48748619658786132932012-09-18T19:12:00.001-07:002012-09-18T19:32:28.079-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/-HHW-UoiTtg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 18.0pt;">Porque o Botafogo contribuiu para
a Tropicália?</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fui abduzido a assistir “Tropicália” e
posso afirmar-lhes com toda a segurança que este é um baita documentário. Não
apenas por seus depoimentos e vídeos históricos, mas principalmente por ter uma
estética arrojada e uma narrativa envolvente. Um filme emocionante para todos
aqueles que veem no movimento um sopro de liberdade artística misturada com uma
inalação de tudo o que pode ser considerado tenro, bento, severo, divino e
maravilhoso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge9hLzqiTemA6N30Rp55cvKBvOQQ7Bne7MZKTry8xNQGvg_k7iXloP6rHoZVd3PXsVwFefwKEALx7bfTPRxG3rghW51uQ9TXhmwhjJdfUC386tyaLiT0B55SuBan79Y9wEwT6h6eYzxhE/s1600/Afonsinho+-+foto+19+-+Revista+Pop+1973.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge9hLzqiTemA6N30Rp55cvKBvOQQ7Bne7MZKTry8xNQGvg_k7iXloP6rHoZVd3PXsVwFefwKEALx7bfTPRxG3rghW51uQ9TXhmwhjJdfUC386tyaLiT0B55SuBan79Y9wEwT6h6eYzxhE/s640/Afonsinho+-+foto+19+-+Revista+Pop+1973.jpg" width="329" /></a><span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Porém, não pude deixar de sentir falta,
vendo tantos meios de campos, dos artistas da estrela solitária. Afinal,
futebol também é uma manifestação cultural. Afirmo, sem desvios freudianos, que
a bandeira gloriosa é um símbolo de marginalidade e heroísmo muito mais eloquente
que qualquer obra do Oiticica. E meus caros, o Solar da Fossa era vizinho de
General Severiano, e isto não foi conjecturado coincidentemente. Ou foi? Sigo
afirmando que nenhum outro clube no mundo pode ser considerado tão tropicalista
quanto o Botafogo. Por quê?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Prezados amigos, junte a malandragem de
um Garrincha, a inteligência de um Gérson, uma poética retórica de um Neném
Prancha, um protestantismo de um Afonsinho e um rancor, eternamente juvenil, de
um João Saldanha que você terá o mais puro conjunto de insanidade já visto.
Eles são os verdadeiros mutantes alquimistas do cosmo tropical
latino-americano. Sem estes, envoltos em um manto místico de proteção
amedrontadora, os músicos, cineastas e artistas plásticos não teriam inspiração
criativa nem para ir até a padaria. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Assim como o movimento sempre foi
contrário ao rótulo de MPB, nós também sempre haveremos de ser contrários ao rótulo
de time popular. Para coroar esta didática, hoje completam exatos quarenta e quatro
anos da histórica final da Taça Guanabara. Aquela que fez adormecer a maioria
dos carentes; E que fez enlouquecer os bons da cabeça e sedentos do pé.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Salve a bossa, sa, sa!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Salve a Ypióca, ca, ca, ca, ca!</span></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-76124845110843758862012-09-03T20:54:00.001-07:002012-09-03T21:13:24.256-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/Q29YR5-t3gg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Courier New"; font-size: 14.0pt;"> </span><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"> Peço-lhes 5 minutos de vossas atenções para
dizer o que penso. Ou pensava. Ou pensarei. Não sei. Nem o tempo dirá.</span><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 18.0pt; mso-bidi-font-family: "Courier New";">O
Clássico Engano de Tempo</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Verdana; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></b><span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";">Levantei-me da
cadeira, após mais um fracasso revestido pelo resultado, e me direcionei à
rampa de saída. Como de costume, caminhei sem prestar atenção em qualquer
comentário despretensioso sobre o jogo. Sumariamente, alguém encosta em meu
ombro. Por azar, era um amigo querendo conversar. Também pouco iludido pelo
placar, pergunta-me o que tinha achado do time. Respondo-lhe que como estávamos
em tempos de para-olimpíadas, até que tinha sido agradável. Os moralistas que
me desculpem, mas não assisto essa competição. Sinto-me mal ver um cara sem
pernas e braços nadar melhor que eu. Não sou contra a transmissão delas e tanto
pouco sua existência. Apenas não assisto. Sem compreender minha resposta, meu
amigo “complementa”:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-É,
esse time precisa de tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"></span> Aumento
o passo do Lui e saio sem coragem de despedida. Aquela última palavra me é
muito perturbadora. Tempo. Tempo. Tempo. Vamos ficar um tempo sem nos ver. O
tempo responderá. O melhor remédio é o tempo. Mentira. Afirmo e explico daqui a
3 minutos que essa é a desculpa mais coringa e fiada que existe. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Antigamente,
quando algum esquete ia mal, os menos sensíveis diziam que era culpa do
técnico, do jogador, da bola, do aquecimento global, da França, da gripe suína ou
até mesmo da cerveja nos estádios. Mas as coisas mudaram, e em tempos de
complexos de Bóson, os nossos piores inimigos ainda são os relógios e os calendários.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Meus
caros, a solução não virá com o tempo. Virá com mudanças, conversas,
desistências esclarecidas e aceitações dubitáveis. Palavras como pausa, calma e
espera nada são além de aliados do tempo. Quiçá sinônimos. O tempo não para? É
obvio que não! Ele é a pausa. Esse intervalo que tanto me dá desgosto e
preocupação. Quem nunca quis dormir e acordar três anos depois, ou antes, que
atira a primeira pedra. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Verdana; mso-bidi-font-family: "Courier New";">Esse time, minha
vida, sua vida, nada mudará com o tempo. Mudarão com reclamações, brigas e,
porque não, conclusões. Aguardemos os próximos dias...</span></div>
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<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwI7hl1EoJgCoq-ujaXdRaDiq3lIfcTuw1QUBHoZ5t_sdqgv8Xs7GPdast7CDictHsigzqC00nbRPgR000AIe93haxXuPMFB-G0XmRv29eWXirB891MCEz6Ph0m4Jhq91zVZW-jlckRq0/s1600/Salvador-Dali-Explosion-5670.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="259" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwI7hl1EoJgCoq-ujaXdRaDiq3lIfcTuw1QUBHoZ5t_sdqgv8Xs7GPdast7CDictHsigzqC00nbRPgR000AIe93haxXuPMFB-G0XmRv29eWXirB891MCEz6Ph0m4Jhq91zVZW-jlckRq0/s320/Salvador-Dali-Explosion-5670.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-41884884306460273332012-08-23T12:32:00.002-07:002012-08-23T12:39:19.939-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/LM6rWObDZTE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<b><br /></b>
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt;">O Deus de
Carlito Rocha<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Por Nelson
Rodrigues, Manchete, 04/01/1958<o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
“Chegou, enfim, o momento de fazer de Carlito Rocha o meu personagem da semana. Quer queiram, quer não, ele está atrelado ao fabuloso triunfo alvinegro sobre o Fluminense. E aqui pergunto: Qual teria sido a contribuição carlitiana para o título? E eu próprio respondo: Carlito ligou o jogo ao sobrenatural, pôs Deus ao lado do Botafogo e, mais do que isso, pôs Deus contra o Fluminense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, com efeito, três ou quatro dias antes do clássico, um jornalista foi provocar o velho Rocha. Ora, o Carlito nunca teve meias medidas, nunca! Bastaram duas ou três perguntas estimulantes para que dentro dele rugisse a imortal paixão botafoguense. Disse ele que Deus viera anunciar-lhe a vitória do Botafogo Um vaticínio divino é algo mais do que um palpite de esquina. No entanto, vejam vocês, nem o jornal que publicou a reportagem, nem o leitor, nem a torcida, ninguém acreditou nem em Carlito, nem na visão, nem mesmo em Deus. As declarações do velho Rocha, tão honestas e incisivas, pareceram a nós, impotentes da fé, uma simples e cruel piada de jornal. E um amigo, pó-de-arroz como eu, veio perguntar-me: ‘Viste o Deus de Carlito?’ Eu não tinha visto o jornal ainda, mas as palavras do meu amigo ficaram ressoantes em mim. ‘Deus de Carlito...’ E, subitamente, eu compreendi o seguinte: não há um Deus geral, não há um Deus de todos, não há um Deus para todos. O que existe, sim, é o Deus de cada um, um Deus para cada um. Por outras palavras, um Deus de Carlito, um Deus do leitor, um Deus meu e assim por diante. Graças ao Carlito criava-se uma relação entre o Botafogo e o sobrenatural e o clássico decisivo passava a adquirir um pouco de eternidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Veio o jogo. Com a nossa impetuosidade tínhamos da batalha uma visão crassamente realista: só cuidávamos dos aspectos técnicos, tácticos e físicos. Eu próprio vivia perguntando, a um e a outro, na minha aflição de pó-de-arroz: O Leo joga? O Leo não joga? Em suma, pensava em Leo, em Pinheiro, em Cacá ou Valdo. Mas não chamava o meu Deus. Ao passo que o velho Rocha sabe o quanto acrescenta a qualquer pelada do Botafogo a dimensão da sua fé. Eu não vi, nem ouvi, durante toda a semana do jogo, um tricolor falar em Deus. E porquê? Pelo seguinte: achamos que Deus não se interessa por futebol, portanto, nós o excluímos das atribuições da nossa torcida. Domingo nunca houve um clube tão sem Deus como o Fluminense. Ora, nenhum brasileiro consegue ser nada, no futebol ou fora dele, sem a sua medalhinha de pescoço, sem os seus santinhos, sem as suas promessas, e numa palavra, sem o seu Deus pessoal e intransferível. É esse místico arsenal que explica as vitórias esmagadoras. Portanto, os motivos, eu acredito piamente, na contribuição de Carlito para o perfeito, o irretocável triunfo alvinegro. E de resto, como não gostar do Deus do velho Rocha? Deus tão cordial, íntimo, terno, que se incorporou à torcida botafoguense e viveu com a torcida botafoguense aqueles eternos noventa minutos.”</div>
<div>
<br /></div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-48045195541540371252012-08-15T15:57:00.000-07:002012-08-15T15:57:18.652-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/W0dc8tpnebI?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Neymar Neybom, Apenas Ney</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Gostaria
de começar frisando que não tenho pudor algum de afirmar que este esquete
passou vexame nas Olimpíadas. Vexame. “Ora pois, o brasileiro têm que aprender
a valorizar a prata e o segundo lugar!”, esbraveja o padeiro vascaíno da
esquina. Segundo lugar não me interessa, muito menos para com o esquete
nacional. Utilizo o termo esquete nacional porque esta jamais será a seleção
brasileira. Afirmo e já explico que esse time, tanto por culpa deste técnico como
do anterior, está fadado a desmoralizar nosso país na próxima Copa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Talvez, algum
ser mais evoluído e superior possa me esclarecer e me acalmar com frases do
tipo: esta esquete olímpica foi sub-23; tivemos azar no último jogo; jogando em
casa, nós não deixaremos esta taça escapar. Confesso que todo tipo de
argumentação otimista me deixa mais enraivado do que qualquer outra blasfêmia.
O otimismo cega e degenera as pessoas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É inadmissível
que um esquete nacional se baseie em apenas um jogador, seja este quem for.
Poderia ser o Inri Cristo que eu continuaria com a retaliação. Porém, para
nossa sorte ou não, este jogador não tem nome bíblico. Ao menos, não ainda. E
este ser, no auge dos seus 20 anos, realmente acredita que é maior que todo o
resto junto. Meu pouco amigo Ney, com este cabelo você não é nem maior do que
um rodo e um frasco de lustra-móveis. Se liga, faz uma colônia de férias, curte
a vida, passa o carnaval em Salvador e volta pra 2018. Estaremos te esperando.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Realmente
acredito que ele deveria ter sido banco na última Copa, juntamente com o Ganso.
Creio piamente que isto lhe traria maturidade e noção do que é representar seu
país, coisas que a ele são carentes. Mas não foi e quem lamenta o passado é
filho de coveiro. No entanto, continuo com o perfil fatalista de que nunca é
tarde para terminar de estragar as coisas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Estas
coisas me fazem lembrar de uma lenda urbana futicabalística. Nos primórdios de
sua carreira profissional, um jornalista muito letrado foi escolhido para
cobrir um jogo do Santos no Maranhão. Porém, chegando ao estádio, descobriu que
não tinha autorização para fazê-lo do campo. Apesar de toda a insegurança de um
jornalista pré-fabricado, comprou um ingresso na vaga esperança de conseguir
escrever uma matéria de lá. Escolheu um lugar pouco povoado, sentou-se, pegou o
caderninho e esperou o jogo começar. Faltando cinco minutos para a batalha ter
início, avistou nas proximidades um ser que lhe era conhecido. Automaticamente,
pensou: “Agora sim. Uma entrevista exclusiva. Vou dessa pra melhor”. De fato,
não estava de todo enganado. Sentou-se ao lado do sujeito e esbravejou:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
-O senhor é o
pai do Neymar?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Meio
a contragosto, meio tímido, respondeu:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>-Sim,
sou.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Feliz
da vida, fez a pergunta do juízo final:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
-Quer dizer então que o senhor é
o Ney bom?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E esta
pergunta continua no ar até hoje, vagando e navegando na cabeça de cada amante
da oitava arte. Na dúvida, prefiro chamá-lo pelo simples nome de Ney.</div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-76682950157351771792012-08-09T09:57:00.001-07:002012-08-09T09:59:04.452-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/6yBI7y6-9fQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt;">Projeto 2013 de Locura</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Começaremos
2013 trazendo de volta o ídolo da nossa geração. Algumas semanas já nos foram
suficientes para que nós, pobres orfeões, quiséssemos seu retorno. Chega dessa
distância. Nós queremos o Loco de volta. Nós merecemos. Ele merece. Esse time
está muito educado e perfumado pro nosso gosto. Ninguém reclama com o juiz,
ninguém bate no adversário, ninguém xinga os rivais. Fica apenas naquela coisa
trivial de achar que um campo de futebol e uma audiência da ONU são as mesmas
coisas. Queremos o louvor da loucura indomável que a tantos incomoda. A volta
da locura que nunca deveríamos ter abandonado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O
Sidão é um grande jogador, sem dúvidas. Porém, quando perde uma bola ou erra
algum lance, o narrador fala que “é, mas isso não é o normal dele”. Quando o
Loco perde uma bola, eles disparam que “esse é o Loco. Bom da cabeça e ruim do
pé”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sim, eu prefiro o segundo
personagem. Não quero ninguém no meu time que seja unânime. E ele voltará nos
braços da torcida. Esta mesma torcida que está impaciente com o Faraó Turco,
mesmo o Amaldiçoado sendo o problema. Nós esperávamos um reposicionamento à
altura, óbvio. Mas o Faraó Turco ainda não teve tempo de nos mostrar sua
lucidez, característica simbólica destes seres. E quando atuou, achei melhor
que o Elke Maravilha. Essa torcida já foi melhor.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Aliás,
outra mudança que se faz necessária é o fim da Raiva, que por pura falta de conhecimento linguístico, é chamada de Fúria. Não estou pedindo o fim
desta por meios policias ou legislativos. Sou a favor de os torcedores de paz
quebrarem a cara deles e dar um basta nesse câncer alvinegro. Eles não
são botafoguenses. Muito menos Botafogo. Estão lá para se auto-promoverem; E
quando têm oportunidade, matar os adversários. Meus caros, isso só mancha nossa
imagem. Eu sei que deve ser legal estar lá no meio da gritaria, achando, mesmo
que temporária-ilusoriamente, que está fazendo alguma mudança no mundo. Mas não.
Você não está sendo bonitinho e nem está mudando nada. O Botafogo faz gol e
eles gritam “Raiva, Raiva”. Que isso? Apoio? Narcisismo? Nada?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Flamengo
e Fluminense terão autorização a apenas um jogo por mês em nosso estádio, mais
os clássicos. Pouco me interessa se poderão jogar no aterro ou não. Este
problema não é meu. O tapete do Grande Engenho era excelente até o Willians
começar a jogar lá. Seus carrinhos e botinadas criaram relevos irreparáveis. E
agora nós tivemos que importar uma aparelhagem da Holanda para tentar não deixá-lo
tão ruim. E cadê a contribuição dele? Ele também deveria pagar pelo concerto. E
não preciso dar explicação para não querer o Fluminense na minha casa. Assim
como qualquer mulher, eles vão querer ficar discutindo a relação até o término.
Pois bem, termino já agora. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Outra necessidade
é a mudança de nome do Grande Engenho. João Avalanche não merece nenhuma
homenagem que parta da gente. A única coisa que talvez eu apóie é a
compra de seu caixão. De papelão. O nome do estádio tem que ser João Saldanha.
Tem que ser. Não tem opção. Caso a prefeitura diga que não mudará, convoco
vocês, desde já, a ocuparem o Grande Engenho. Faremos de conta que estamos lá
simplesmente para ver algum jogo. Quando este acabar, ninguém sai do estádio
até a mudança de nomenclatura. Levem barracas e suprimentos alimentícios, está
batalha poderá demorar. E não se assustem com qualquer represália policial, nós
ainda seremos maioria. Não estou incitando a violência, mas se eles começarem,
eu vos autorizo a perder a razão. A Locura voltará a enfeitiçar nosso clube. O
clube de capa e espada também será o clube de insanidade.</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-19727081928331840882012-07-20T15:54:00.001-07:002012-07-20T16:10:38.232-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxWFhH-BFFxMEOEH6Gd-dJqwD2_zrfsOjS0QD2wY2bkwxSAoXbYl7sfEh01E11_WwYCfci8hH_KnPgYcfEVoytAP1f9uCFDLiNl02dBC2rWZpoCIxsMnsyniRoBDPcRk9HQokhP66MJXk/s1600/Neal+Cassady+Botafoguense.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxWFhH-BFFxMEOEH6Gd-dJqwD2_zrfsOjS0QD2wY2bkwxSAoXbYl7sfEh01E11_WwYCfci8hH_KnPgYcfEVoytAP1f9uCFDLiNl02dBC2rWZpoCIxsMnsyniRoBDPcRk9HQokhP66MJXk/s400/Neal+Cassady+Botafoguense.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">Neal Cassady era Botafogo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tive,
ontem, o raro prazer de assistir um sonho realizado. Vi alguns dos meus ídolos
reencarnados, por mais que tenha sido de forma mandrake. Puseram um Kerouac parecido
com Harry Potter, um Ginsberg pré-puberdade e um Cassady loiro de olhos
claros, usando perfume e de dente escovado. Mas tudo isso, com o passar do
filme, tornou-se irrelevantes. A admiração que tenho por este grupo e,
especificamente, pela obra do Jack, deixou-me em êxtase.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
On The Road
marcou minha vida como poucos livros; E um filme que demorou décadas para ser
produzido e lançado, pelo rancor de não chegar aos pés do homônimo, não poderia
ser desprezível. Como qualquer bom botafoguense, não esperava sair da sala
podendo falar: “Vejam este filme”. Mas assim o fiz.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não é um filme
perfeito. Achei o Walter Salles precoce em alguns cortes e faltou explorar
melhor a estrada em si, porém admirei o fato de não se limitar somente ao On The
Road, pegando passagens de outros livros, visando uma maior compreensão, para
leigos, do que foi aquela geração. Não sou o tipo de babaca que pensa que
conhecimento deva ser limitado a alguns. Todos devem ter oportunidade de
compreensão. Sei também que nem todos compreenderão, e de certa forma, essa
constatação me alenta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Uma das coisas
que mais me receava com relação a filmarem de uma obra kerouaciana era o fato
de transformar aquilo em uma simples história. E, como qualquer bom escoteiro,
bati com a cara na parede mais uma vez. O filme, em certos momentos, tenta
fugir disto. Em vão. E
não foi somente desta vez. Qualquer obra literária que tenta ser passada pro
cinema tende a sofrer deste mal. Tende. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Uma das coisas
que aprendi com seus livros foi exatamente esta: A felicidade e a qualidade de
qualquer existência não estão na chegada, na conclusão, mas sim no caminho, nas
entre linhas. Porém, meus caros, garanto-lhes que isto nunca será feito,
primordialmente, com uma obra de Jack Kerouac.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="border: medium none; padding: 0cm 0cm 1pt; text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="border: medium none; padding: 0cm;">
____________________________________________________</div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nas
obras deste, é impossível não se apegar ao Neal Cassady. O Jack sempre fez o
papel de transmissor, enquanto o Cassady era o personagem em voga. Vagabundo,
sem medo, ladrão, ilimitadamente humano e sincero, são qualidades presentes
nesse “personagem”, mas que não chegam nem perto de serem capazes de suprir
todos suas características. Reza a lenda que além de Ginsberg ser apaixonado por
ele, Kerouac também o era. Não por menos, quando soube da morte de seu amigo,
foi-se junto alguns dias após.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Observamos que, em uma
época de seres tão honestos e ativos, todos sofriam com Cassady a mesma coisa
que o Rei Midas sofria com o ouro. Ambos completavam, até mesmo de forma
compulsiva, a vida alheia. Algo parecido com o contato de qualquer ser humano
com a saga alvinegra. È impossível alguém, disposto a aprender, ter contato com
esta entidade e não se apaixonar. Nós não torcemos pro time da moda, não
torcemos pro time com mais títulos e, muito menos, pro de maior torcida;
Torcemos pro time com mais historias para contar. Portanto, proclamo desde já:</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O Botafogo é
Literatura. E sem a literatura futebolística no mundo, a Copa já seria
disputada no pebolim. E afirmo, por essas e outras, que o Casady, ser
intelectualmente avançado e consciente de seu lugar no mundo, era Botafogo. Sem
dúvidas.</div>
Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-22512316624255982312012-07-18T08:03:00.002-07:002012-07-18T08:04:09.129-07:00Uma pausa criativa para dar lugar a um terceiro que escreveu algo que penso ser relevante. Afinal de contas, o Blog Carlitiano também tem a intenção de lançar novos comentaristas. Este de hoje escreve em um jornal institucional, que tem a prepotência de se chamar O Globo, e espero que este blog, visitado por quase três pessoas semanalmente, consiga alavancar sua careira. Boa leitura.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/O3j-x9i9I6I?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<h4>
<span style="font-size: 14pt; font-weight: normal;">Um
novo patrono para o Engenhão</span><b> </b></h4>
<h4>
<b>Elio Gaspari</b>, O Globo. 18/07/12</h4>
<br />
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“A cada dia que passa e o
estádio olímpico do Engenhão continua com o nome de João Havelange, o prefeito
do Rio, Eduardo Paes, confirma as palavras dos advogados da Fifa no processo
que tratou do capilé de US$ 14 milhões recebidos pelo doutor e por Ricardo
Teixeira: “Pagamentos de subornos pertencem ao salário recorrente da maioria da
população na América Latina e na África.”</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Havelange e Teixeira
receberam, mas a galera que vai aos estádios e elege prefeitos leva a fama. A
exposição da malfeitoria, treze anos depois das primeiras denúncias, mostra que
os subornos, quando rolam no andar de cima, são protegidos por um sistema de
salvaguardas especiais. No caso da dupla, a blindagem funcionou na própria
Suíça, pois as principais acusações surgiram em 2006. Havelange foi protegido
ao limite do possível. Ele dirigiu a Confederação Brasileira de Desportos de 1956 a 1974, e a Fifa de 1974 a 1998, quando foi
aclamado seu presidente honorário, título que ainda mantém. Afora isso, foi
membro do Comitê Olímpico Internacional e fez Ricardo Teixeira, que era seu
genro, presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Os dois saíram de
fininho no ano passado, quando a magistratura suíça já estava atrás de suas
contas.</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Aos 96 anos, Havelange
ensinou: “Difícil na vida não é chegar, é saber sair. Tem que sair bem.” Ele
construiu seu verbete na história do esporte brasileiro e destruiu-o na saída.
Charmeur irresistível e grosseirão inesquecível, “nosso querido Havelange” (nas
palavras de Lula), encantou governantes e ajudou atletas colocando-se ora como
patriarca onipotente, ora como cortesão maltratado. Quando Pelé contrariou-o,
disse: “Dei todas as atenções e fiz gentilezas a esse moço.” No ano passado, a
doutora Dilma tomou-lhe o passaporte diplomático e ele lamentou-se: “Eu merecia
isso? É isso que dói, este é o meu país.”</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Havelange e Teixeira
encarnaram a transformação do futebol num empreendimento bilionário. Em 1958,
quando o ex-sogrão trouxe a primeira Copa do Mundo para o Brasil, o goleiro
Gilmar ganhou uma bibicleta e um terno. Hoje os craques pilotam Ferraris. Há
patrocinadores para atletas, clubes, seleções e Copas, e, se isso ajudou a
profissionalizar o esporte, serviu também para montar propinodutos e
lavanderias de dinheiro. A rede de interesses criada pelo progresso deu à
cartolagem oportunidades para a delinquência e fez da Fifa uma central de
negócios, ramificada em donatarias nacionais.</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A presença da empreiteira
Delta na construção de estádios para a Copa de 2014 é um solene indicador dos
perigos que rondam a festa. Até bem pouco tempo Joseph Blatter, presidente da
Fifa (secretário-geral ao tempo de Havelange), comportava-se nas negociações
com o Brasil como se fosse um chefe de Estado, manipulando a síndrome de
“vira-latas” dos burocratas com quem tratava.</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O ocaso de Havelange deveria
levar o prefeito Eduardo Paes a aceitar uma disputa com a Fifa. Ganhará quem
chegar primeiro: os cartolas suíços extinguindo a presidência honorária da
instituição ou o doutor, trocando o nome do Engenhão.</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se o prefeito entregar a
escolha do nome do estádio à galera que o frequenta, mostrará que “pagamentos
de subornos” não “pertencem ao salário recorrente da maioria da população” do
Rio.”</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-51252882383870658022012-07-13T17:49:00.003-07:002012-07-13T17:49:40.833-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/URM684AZXog?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">Morte aos Déspotas!</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Acabamos de
completar oito rodadas no campeonato nacional e ainda não tivemos, sequer, um
jogo de arbitragem imparcial. E digo isso sem pesar algum. Nós escolhemos o
clube que sofre de forças externas, pois gostamos de comprovações materiais de
que o mundo não é justo. Não é certo. E funciona de um modo pré-fabricado,
gostem ou não. Qualquer coisa que fuja do normal e do aceitável está com fadado
à desgraça. Estava. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nós temos
alguns trunfos. Somos folgados o suficiente para querer que o mundo inteiro
saiba da merda aonde pisa. Botafoguense sempre foi catastrófico ao ponto de
elevar o erro de um juiz ao patamar de atentado terrorista na mesma velocidade
em que o comentarista esportivo alega sua opinião. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
-É, realmente
houve um soco, seguido de um tiro na região abdominal e o lançamento de uma
granada. Mas concordo com o juiz, não marcaria falta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Após anos
sofrendo com o poder monárquico, trabalhando em feudos elitistas e perigando
passar fome, aviso aos ouvintes misericordiosos: A revolução começou. Os jovens
estão chegando ao poder para acabar com esta zona de injustiças e julgamentos
precoces. Os velhos mandatários atuais não entendem palavras como futuro,
felicidade, liberdade e arte. A solução? Guilhotina.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E o começo foi
esplendoroso. Começamos a revolução com uma festa. Digo desde já, uma festa há
muito não vista no grande engenho, quiçá desde os tempos das rodas
capoeiristas. Uma guerra que se inicia de tal forma, tenho certeza, não está
fadado ao fracasso. Credito a primeira vitória ao reencontro de um pai e um
filho. Nada como uma relação familiar presencial para aflorar tais anseios de
mudança. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sendo assim, O
Pequeno Alcides entrou em campo sem dar valor aos salários ou holofotes; Queria
apenas provar ao pai que era suficientemente capaz de se divertir. E que
diversão agradável de ser assistida. Mesmo sob injúria e má vontade do juizado
de menores, que lhe tirou um tento sem motivos legais, não abaixou a cabeça e
seguiu lutando. E, apesar dos chicotes e leões, continuou rindo e nos
convencendo. E avassalando o adversário. Dois simples tiros certeiros foram
convincentes para o prolongamento da festa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Aí veio a
tomada da Bastilha, vulga Pacaembu, poucos dias após. E aprendemos uma lição,
de cara. Não podemos, dentro de uma revolução, renegar nenhum ser, mesmo que
este tenha um passado pesaroso, mesmo que este esteja amaldiçoado. Os
revolucionários de histórico duvidoso são os mais atuantes pelo simples fato
que necessita, constantemente, provar seu valor. Sim, ele continua precisando provar seu valor.
Três credos em duas batalhas não fazem dele a salvação da bandeira. Ele nunca
será a salvação de nada. No máximo, poderemos esbravejar sua redenção daqui a
alguns meses.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E invoco,
desde Danton e Marat até os anônimos de preto e branco, a participarem,
domingo, da batalha chave. A revolução está apenas começando, porém nossos aliados,
a juventude e os irreverentes guerrilheiros sem farda, alentam-nos sobre o
possível enforcamento dos déspotas. Poderemos até perder a próxima batalha, mas
a guerra continua. Tenho certeza de uma coisa: ganhando ou perdendo, o Maneco
terminará o jogo mijando na cartola de nosso infeliz adversário, como nunca
deixou de fazer. Assim na guerra, como na paz.</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-38687031245059223172012-07-04T15:06:00.001-07:002012-07-04T15:10:52.899-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/2eRcFKxdkh8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">Do Paraguai até o Severo General</span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Pelos bares
cariocas, muito se comenta a queda do bispo do poder paraguaio. Desde já, deixo
clara minha opinião: sou contra qualquer bispo, de qualquer religião e de
qualquer país, intrometido no poder político. Porém, minha insensatez nunca
deixaria aprovar uma retirada desta forma. Os socialistas reacionários
perguntarão: Mas que forma inescrupulosa é esta? E vos respondo: a forma
paraguaia de viver. E, sobre qualquer julgamento precoce de difamação, defenderei
que nós, brasileiros de força menor, nada somos além de um Paraguai
latifundiário.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Porém, meus
caros, se faz necessária uma diferenciação entre coisas importantes e secundárias.
E posso afirmar, desde a semana passada, que têm coisas acontecendo em General Severiano
muito mais severas que em nosso vizinho. Um golpe ideológico está acontecendo e
ninguém se posiciona. Eu poderia afirmar que é um crime contra a cultura
latino-americana. Um crime contra a integração e o intercâmbio entre os povos.
Um crime oriundo do quarto poder, que defendíamos com Lancelotes e <span class="st">D´Artagnans, sob as tutelas de
Don Quixote e do Manequinho. No entanto, a ingrata visita da realidade veio atormentar-nos
novamente. E os nossos representantes administrativos não entendem mais o
significado da palavra Botafogo. O baque foi irreversível.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="st">Desde a sua chegada, uma pergunta tirou-me dias de sossego. Porque o
Loco incomoda tanta gente? E, dentro desses dois anos e meio, analisei diversas
respostas. A loucura tira a calma das pessoas normais. A loucura cria inveja. A
loucura é incompreensível. A loucura põe o cotidiano no bolso e sai para tomar
uma cachaça. E, por fim, a loucura é contagiosa. Vejam que com apenas dois
meses de casa, ele já tinha convertido uma multidão a beijar seus pés e a gritar
seu nome. A loucura dominou o Rio de Janeiro de tal forma, que mesmo Erasmo de
Roterdã sentiria necessidade de reescrever sua obra prima. Uma pessoa sã não
tem esse poder. Jesus Cristo esperou trinta e três anos para ter tal capacidade
de convencimento e, mesmo assim, sua existência continua contestada. Enquanto o
Loco, sem precisar transformar água em vinho, convenceu-nos de sua soberania; Deixando
para os ganenses e para seus adjacentes, apenas uma singela cavadinha de
brinde.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="st">Já o Herrera, aceitei-o em meu time por todo esse tempo por dois
motivos: A sua simplesmente aterrorizadora cara de maluco e por ser argentino.
Argentino não faz gol para poder dançar no Faustão ou pedir música em boate. Eles entendem
futebol além da normalidade profissional e fantasiosa. Eles jogam porque
gostam. Vejam o Messi, que mesmo não querendo, continua com o sangue azul.
Nunca o vi comemorar um gol dançando tango. E agradeço enormemente por isso. E
o nosso argentino ia ainda mais além. Não só deixava de dançar, como também ia
para cima do juiz. Ele sabia, no fundo de seu âmago, que um gol não redimiria
seus outros oitenta e nove minutos em campo. Sabia que um gol não iria acabar com a
pobreza do mundo. Sabia que um gol não iria devolver um bispo ao seu lugar de
origem e, muito menos, da forma adequada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="st">Por essas e outras que, como um bom latino-americano que penso ser, só
tenho a agradecer. Loco e Herrera, vocês marcaram minha geração de
botafoguenses. Garanto-lhes que as portas de General Severiano estarão sempre
abertas a vocês, quer os outros queiram, quer não. Até Lugo. Até logo. Hasta
luego.</span></div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-44661315772380834882012-06-29T14:02:00.001-07:002012-07-01T21:43:35.950-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/YCjspyo-_aI/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/YCjspyo-_aI&fs=1&source=uds" />
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<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">A Despedida do Mago Manco</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todos
nós, alvinegros de força convicta, sabemos das dificuldades de vivenciar certos
sonhos. Sempre que tal sensação nos aflige, torcemos, imediatamente, por um
banho de água fria. Retirantes das nove e retumbantes das três, não nos
iludimos com esmolas generosas. Tão pouco somos santos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Somos humanos
muito mais humildes e poderosos que estes. Santidade é coisa para os fracos,
que mesmo após a morte, insistem em querer a auto-afirmação à custa alheia. Preferimos
o sutil prazer de aterrorizar o cotidiano dos outros, estando vivo ou não.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Porém, nem
todo ser ultrajante e arrogante como um bom botafoguense, sabe de suas
limitações. E como um bom professor primário, não estou aqui para ensinar coisa
alguma. Apenas quero revelar a importância de certos delírios. Entendam certas
como raras.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em 2009, após
dois anos de roubos indecorosos e descarados, recebemos diretamente de algum
lugar da idade média, um ser suntuoso. Seu nome, que de tão brasileiro acabou
adotando tons irônicos, nos agradou, mas preferimos coroá-lo precocemente mago
de nosso reino. E antes que pudéssemos considerá-lo humano, profetizamos que
este era digno de nos salvar. Desculpem-me senhores, mas nossa salvação nunca
veio da noite para o dia. Nunca. A nossa salvação sempre veio, exatamente, de
forma oposta ao que as grandes corporações religiosas ditam.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sendo assim, em
seu último jogo pelo Botafogo daquele ano, tomou três tiros em dez minutos e
machucou-se. O nome do inquisidor: Willians. E mesmo com toda a magia que
pensávamos que o nosso salvador tinha, foi-se manco. Um ano e meio depois,
retornou ao nosso reino. E mesmo manco, continuamos acreditando nele. Em vão. <span style="font-size: 14pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E agora,
Maicosuel vai nos deixar orfeões pela segunda vez. A junção da ciência com a
igreja se aproxima, mago manco e o inquisidor assassino jogarão pelo mesmo
time; E mantenho minhas dúvidas com relação as severas consequências de tal
afronta. Mas não se apavorem, meus caros. Temos em nosso elenco um ser capaz de
entender os sofrimentos de um órfão. John Lennon está conosco. E posso garantir-lhes,
deliciando-me em suaves delírios, que este reviverá anos de glorias ao lado de
Creedence Seedorf.</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-69651286361473515582012-06-25T15:12:00.001-07:002012-06-25T15:20:43.289-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/djeneLqdGBg?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">A Itália Botafoguense</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Podem
duvidar, falar que é locura ou utilizar qualquer outra argumentação infalível,
mas afirmo desde então que a Itália aprendeu muito com o Botafogo. Não só
aprendeu, como agora cisma em querer imitar-nos, da forma mais plagiosa possível.
Vide a cavadinho do Pirlo. Essa ligação da Itália com conquistas improváveis e
o desprezo por campeonatos fácies tem uma origem. Arrisco dizer que sem o
Botafogo, a Itália não teria história no futebol. Não teria referência.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O italiano,
por natureza, é aquele ser que gosta de ser xingado. Ele não sente estímulos na
vida sem ao menos ouvir sua mãe ser convocada para trabalhar no cabaré mais
próximo. Em outras culturas, este tipo de declaração é uma afronta. “Mete a
minha mãe no meio que eu meto no meio da tua”, diria o transtornado em crises
existências. Mas o italiano não. Ele utiliza de sua superioridade moral para
seguir em frente. Como
prova de tamanha ignorância puritana, Benito Berlusconi é ídolo na Itália. Só
na Itália.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Da política ao
futebol, é um pulo. Ao menos para nós. Italianos, assim como botafoguense,
acham que as duas coisas andam juntas. Todo ano algum jogo do Botafogo é adiado
por conta de seu rival. Se o adversário não pode comparecer ao compromisso, W.O.
Às vezes me pego pensando: A CBF é um órgão político que trata de futebol? A
CBF é um órgão futebolístico que não trata de nada? A CBF é um órgão ou uma
simplória espécie de câncer? Admito que qualquer resposta não me será
satisfatória.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em 2006, à
véspera da Copa, o campeonato italiano revelou suas propriedades travessas. E
os comentaristas vespertinos e prematuros analisavam o futuro fracasso da
azurra. Conseqüência? O título mundial. Meus caros, não caiam dessa balela
moralista assustadoramente evangélica que esse pessoal proclama. Manipulação de
resultado tem em qualquer lugar. E é exatamente nesse ambiente pessimista que
nós nos criamos. O péssimo é sempre mais atraente que o ótimo. Tragédias são
muito mais emocionantes do que as comédias. Sem o Botafogo no mundo, a Itália
sucumbiria a tais injurias e perderia. Nós estamos no mundo por um único
motivo: Acabar com a falsa felicidade alheia. Não por menos, quando um jogador
dá algum drible desconhecido por lá, eles profanam: “À lá Garrincha”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ontem,
perdemos para a Macaca no Grande Engenho. Eu acharia vergonhoso ganhar de um
time com este apelido. Acordei hoje e fui à padaria tomar um café. No meio do
meu pacifico primeiro cigarro, Seu Manoel ameaça uma provocação:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Que
derrota ontem, hein? – e começou a contar-me como foi o jogo, achando que eu
não havia assistido. Afinal de contas, eu tinha tudo para estar possesso, mas
estava ali, em uma calma quase que contagiante – Aí, o jogador ficou na cara do
gol e chutou. 2 a
1. E o Botafogo...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
-Calma,
Seu Joaquim – interrompi apagando o cigarro - Primeiro, não pronuncie esse nome
em vão. E
segundo, o senhor já ouviu as expressões piedade e “azar de campeão”?</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-7218085828420515702012-06-19T00:21:00.000-07:002012-06-19T14:10:15.774-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/rMbATaj7Il8?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe><br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=vhvokwIeLjI"></a><br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">Quando Os Bravos Fogem, Os Covardes
Vão Embora</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A espera está
demorada e apesar de todas as impossibilidades que sempre nos agradaram, nós
continuamos aqui, à sua disposição. Notícias e previsões pouco condizentes estão
batendo em nossas portas semanalmente, há anos. Mas não podemos negar, conforme
o tempo passa, está demora se transforma, cada vez mais, em algo magnificamente
colossal.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não é de hoje
que nós gostamos de suspenses. Aliás, em qualquer instância, nada para qualquer
botafoguense é de hoje. Temos o prazer incomum de poder comparar tudo com
alguma coisa do passado. Este dom é raro, e de extremo perigo social. O risco
de fecharmo-nos em análises pouco comprobatórias para os demais, assola-os da
mesma forma em que uma frágil presa sente medo do perfume de seus concorrentes
alimentícios.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas não
podemos, jamais, iludir-nos com a ignorância alheia. E, com um toque de
paciência, veremos que a melhor solução para tais conversas é a fuga. “Ora
pois, mas fugir nunca foi uma opção coerente”, diria o português da esquina.
Pois bem, fuja dele também. Os outros só servem para atrasar nossas próprias
conclusões.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sendo assim,
em 1911, ano mais importante da história do futebol carioca, o quadro de sócios
alvinegro diminuiu quase pela metade. O motivo? A fuga de nossos corajosos
patronos. Eles fugiram da arrogância dos ricos. Fugiram da argumentação
conservadora dos bigodudos. Fugiram das mentiras entrelaçadas nos discursos
altruístas. Sempre as mentiras. E, como não havia de ser diferente, todos os
imbecis foram embora. Não por rebeldia, mas por falta de compreensão. Assim
feito, os trezentos remanescentes formaram o verdadeiro Botafogo. E a partir
disto, construímos nossas próprias características, tão peculiares e temidas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Conforme o tempo
passa, mais sinto necessidade de outra transformação desse nível. O Botafogo
nunca foi um clube condizente com a massa. Nossos times nunca souberam jogar em
estádios lotados. E que arremessem paralelepípedos aqueles que discordem.
Botafoguense não entra em discussão, declara guerra. Botafoguense não pede
apoio, se desespera com palavras como esperança e solidariedade. Botafoguense
não busca mudar o mundo, ao menos não antes de achar sua própria salvação. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Por essas e
outras que nós, integrantes de uma espécie que deveria estar em extinção,
proclamamos:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“O último
reduto underground voltará à força máxima. E todas nossas noites mal dormidas
se virarão contra vocês, ordinários carentes e solidários; assim nas trevas,
como no céu!”</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-43776962542733704082012-06-12T00:43:00.002-07:002012-06-18T13:48:40.082-07:00<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt;">Victor
Junior, O Adicto</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Após meses sem
algum ser impreterivelmente convencido de que sua vida se resumia as suas
tentações, o caminho da luz reapareceu. E esse tal de Victor Junior demonstra
com perfeição o que é ser viciado no objeto de trabalho. Para se ter uma idéia,
ele não consegue ficar quieto em bancos de reservas. Ele foge, misteriosamente,
de seus companheiros, e quando menos se espera, lá está ele. Trabalhando como
gandula.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esta fixação, que tomarei a liberdade de chamar vício, no
entanto está aquém de julgamentos pretensiosos. Ninguém poderá dizer, com
absoluta convicção, que obsessão é um defeito. E levando a vida como qualquer
outro mortal, ele não aguenta de ciúmes ver a pelota com outro. Ela lhe pertence.
Ao menos em seu âmago. E este sentimento é louvável. Porém, quando a tem, não
sabe muito bem o que fazer, de tamanho ecstasy. Traz ela pra cá, ela vai pra lá. Chama-a de querida, e esta corre para a lateral. Ele persiste como qualquer
pedinte de lanchonete e, hora ou outra, ela volta. Assim, gruda nela como o mel
lambuza o urso. E um segue com medo do outro.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Com tamanha empolgação, entrou em campo domingo procurando a coitada. Não tardou a achá-la.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Primeiro
gostaria de dizer que é inadmissível O Glorioso perder para o Náutico. E digo
isso sem pretensão de limitação. O Botafogo não pode perder para um time com
este nome, em quaisquer circunstâncias. E mais, em qualquer esporte.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas, ainda
precisávamos da confirmação. E o lance do terceiro gol adversário foi
esplendorosamente saudável pra este time. Ele, navegando na pura ingenuidade de
um bravo guerreiro pré-histórico, acredita que todos a sua volta vêem o mundo
da mesma forma. Pensando, ou não, que nosso terceiro goleiro era aficionado
como ele, recua uma bola arriscada. Ora pois, um atleta que perde a vida sendo
terceiro goleiro não pode querer descer ao reino dos viciados. Gol. A ilusão de
igualdade sentimental é algo que apenas os neuróticos conseguem ter. E, sendo,
culpa dele, nada mais me resta, a não ser um bem-vindo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Observando um
pouco mais severamente a jogada, está foi a prova que nos faltava. É ele. O
vagabundo que nós, Botafoguenses, temos orgulho de hospedar. Após meses de
solidão, o nosso time volta a ter um elenco característico. O nosso time nunca,
e repito, nunca, conseguiu alguma coisa sem ter ao menos um viciado no elenco.</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6407449302853642026.post-47716439258404329992012-06-11T15:35:00.001-07:002012-06-18T13:52:43.968-07:00<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14pt;">Elkeson, O Desgraçado</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nunca
acreditemos naquilo que vêm de formação inescrupulosa. Qualquer gênero de ser que
tenta burlar certas conseqüências contra si mesmo, hora ou outra, acaba rompendo
o silêncio da calmaria. E, sobre tais afirmações, pergunto: Seria Elkeson tão
certo de si? E sem pudor ou cinismo, respondo: Ele está amaldiçoado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Apenas
a tentativa de fazer coincidir terríveis acontecimentos com algum ser amaldiçoado,
está fadado ao perigo da sabedoria. Alguns se sentem corajosamente capazes de
investigar, outros preferem o conforto de suas poltronas 2000. Mas acreditem,
este caso superou todas as expectativas otimistas e bonitinhas. Este filisteu futebolístico
está sendo amaldiçoado por, ninguém menos, do que Deus. E garanto-lhes, o
Botafogo nunca foi lugar de pessoas esclarecidas. A dúvida paira em nossas
cabeças como urubus pousam sobre as carniças. Observe as primeiras palavras
proclamadas por este sujeito, assim que pisou no terreno errado pela primeira
vez na vida:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“-Felizmente,
deu tudo certo. Agora, quero mostrar meu futebol e fazer o meu melhor pelo
clube.”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fugindo
da normalidade das falas improvisadas dias antes pelo empresário, deu sua
primeira demonstração de perigo. Fez-nos acreditar que o seu melhor nos era
suficiente. E nós, fanáticos alucinados navegando em direção ao abismo, pedimos
socorro a nossa última esperança. Em vão. No
exato momento em que qualquer das mais singelas incógnitas foge da cabeça de algum
Botafoguense, podem ter certeza. Nem tudo vai sair bem. Ou, mais seriamente,
quase nada sairá nos conformes. Não tardou, o dia escureceu. Porém, apenas
quando a maré abaixa podemos analisar o estrago. Antes tarde do que nunca.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
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E
assim, fui hoje convocado para assistir Botafogo e Cruzeiro. Entrei no Grande
Engenho mais moderno do mundo sem preocupações. Sabia apenas que alguma coisa
de sobrenatural iria acontecer, e como qualquer bom acionista, compareci. Só
não esperava tanto.</div>
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<br /></div>
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Tudo
seguia na mesma ternura afável de qualquer jogo alvinegro. Juizes claramente
mal-intencionados, a fúria divina e a torcida tuberculosamente desnecessária e
maléfica. Até que em meados do segundo tempo, olho, magneticamente, para o
banco de reservas. Instantaneamente, o técnico chama ele, o desgraçado. E a
torcida, após o delay natural, aplaude. Sem saber o significado de tal ato, e
muito menos com vontade de entendê-lo, observei o primeiro, dos três raios
cósmicos. Gol do oponente. Continuo a observar o andar daquele bicéfalo em
direção à placa de substituição. Pisa em campo. E antes de pensar em respirar, Outro Gol.
Toca pela primeira vez na temida. Virada benzida.</div>
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<br /></div>
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A
partir deste tipo de decorrência, passamos a questionar-nos sobre tais poderes
divinos. Devemos orgulhar-nos de tê-lo na equipe, um ser maravilhosamente
querido pelos adversários e com uma predestinação destruidora invejável? A
Solução resume-se em uma palavra. Síria. Aproveitando a brecha das fortes
orações, talvez ele pudesse achar a salvação da humanidade passando alguns
verões lá.</div>
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</div>Pedro Barceloshttp://www.blogger.com/profile/15452649474366131570noreply@blogger.com0