quarta-feira, 4 de julho de 2012




Do Paraguai até o Severo General
            
Pelos bares cariocas, muito se comenta a queda do bispo do poder paraguaio. Desde já, deixo clara minha opinião: sou contra qualquer bispo, de qualquer religião e de qualquer país, intrometido no poder político. Porém, minha insensatez nunca deixaria aprovar uma retirada desta forma. Os socialistas reacionários perguntarão: Mas que forma inescrupulosa é esta? E vos respondo: a forma paraguaia de viver. E, sobre qualquer julgamento precoce de difamação, defenderei que nós, brasileiros de força menor, nada somos além de um Paraguai latifundiário.

Porém, meus caros, se faz necessária uma diferenciação entre coisas importantes e secundárias. E posso afirmar, desde a semana passada, que têm coisas acontecendo em General Severiano muito mais severas que em nosso vizinho. Um golpe ideológico está acontecendo e ninguém se posiciona. Eu poderia afirmar que é um crime contra a cultura latino-americana. Um crime contra a integração e o intercâmbio entre os povos. Um crime oriundo do quarto poder, que defendíamos com Lancelotes e  D´Artagnans, sob as tutelas de Don Quixote e do Manequinho. No entanto, a ingrata visita da realidade veio atormentar-nos novamente. E os nossos representantes administrativos não entendem mais o significado da palavra Botafogo. O baque foi irreversível.

Desde a sua chegada, uma pergunta tirou-me dias de sossego. Porque o Loco incomoda tanta gente? E, dentro desses dois anos e meio, analisei diversas respostas. A loucura tira a calma das pessoas normais. A loucura cria inveja. A loucura é incompreensível. A loucura põe o cotidiano no bolso e sai para tomar uma cachaça. E, por fim, a loucura é contagiosa. Vejam que com apenas dois meses de casa, ele já tinha convertido uma multidão a beijar seus pés e a gritar seu nome. A loucura dominou o Rio de Janeiro de tal forma, que mesmo Erasmo de Roterdã sentiria necessidade de reescrever sua obra prima. Uma pessoa sã não tem esse poder. Jesus Cristo esperou trinta e três anos para ter tal capacidade de convencimento e, mesmo assim, sua existência continua contestada. Enquanto o Loco, sem precisar transformar água em vinho, convenceu-nos de sua soberania; Deixando para os ganenses e para seus adjacentes, apenas uma singela cavadinha de brinde.

Já o Herrera, aceitei-o em meu time por todo esse tempo por dois motivos: A sua simplesmente aterrorizadora cara de maluco e por ser argentino. Argentino não faz gol para poder dançar no Faustão ou pedir música em boate. Eles entendem futebol além da normalidade profissional e fantasiosa. Eles jogam porque gostam. Vejam o Messi, que mesmo não querendo, continua com o sangue azul. Nunca o vi comemorar um gol dançando tango. E agradeço enormemente por isso. E o nosso argentino ia ainda mais além. Não só deixava de dançar, como também ia para cima do juiz. Ele sabia, no fundo de seu âmago, que um gol não redimiria seus outros oitenta e nove minutos em campo. Sabia que um gol não iria acabar com a pobreza do mundo. Sabia que um gol não iria devolver um bispo ao seu lugar de origem e, muito menos, da forma adequada.

Por essas e outras que, como um bom latino-americano que penso ser, só tenho a agradecer. Loco e Herrera, vocês marcaram minha geração de botafoguenses. Garanto-lhes que as portas de General Severiano estarão sempre abertas a vocês, quer os outros queiram, quer não. Até Lugo. Até logo. Hasta luego.

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