Do Paraguai até o Severo General
Pelos bares
cariocas, muito se comenta a queda do bispo do poder paraguaio. Desde já, deixo
clara minha opinião: sou contra qualquer bispo, de qualquer religião e de
qualquer país, intrometido no poder político. Porém, minha insensatez nunca
deixaria aprovar uma retirada desta forma. Os socialistas reacionários
perguntarão: Mas que forma inescrupulosa é esta? E vos respondo: a forma
paraguaia de viver. E, sobre qualquer julgamento precoce de difamação, defenderei
que nós, brasileiros de força menor, nada somos além de um Paraguai
latifundiário.
Porém, meus
caros, se faz necessária uma diferenciação entre coisas importantes e secundárias.
E posso afirmar, desde a semana passada, que têm coisas acontecendo em General Severiano
muito mais severas que em nosso vizinho. Um golpe ideológico está acontecendo e
ninguém se posiciona. Eu poderia afirmar que é um crime contra a cultura
latino-americana. Um crime contra a integração e o intercâmbio entre os povos.
Um crime oriundo do quarto poder, que defendíamos com Lancelotes e D´Artagnans, sob as tutelas de
Don Quixote e do Manequinho. No entanto, a ingrata visita da realidade veio atormentar-nos
novamente. E os nossos representantes administrativos não entendem mais o
significado da palavra Botafogo. O baque foi irreversível.
Desde a sua chegada, uma pergunta tirou-me dias de sossego. Porque o
Loco incomoda tanta gente? E, dentro desses dois anos e meio, analisei diversas
respostas. A loucura tira a calma das pessoas normais. A loucura cria inveja. A
loucura é incompreensível. A loucura põe o cotidiano no bolso e sai para tomar
uma cachaça. E, por fim, a loucura é contagiosa. Vejam que com apenas dois
meses de casa, ele já tinha convertido uma multidão a beijar seus pés e a gritar
seu nome. A loucura dominou o Rio de Janeiro de tal forma, que mesmo Erasmo de
Roterdã sentiria necessidade de reescrever sua obra prima. Uma pessoa sã não
tem esse poder. Jesus Cristo esperou trinta e três anos para ter tal capacidade
de convencimento e, mesmo assim, sua existência continua contestada. Enquanto o
Loco, sem precisar transformar água em vinho, convenceu-nos de sua soberania; Deixando
para os ganenses e para seus adjacentes, apenas uma singela cavadinha de
brinde.
Já o Herrera, aceitei-o em meu time por todo esse tempo por dois
motivos: A sua simplesmente aterrorizadora cara de maluco e por ser argentino.
Argentino não faz gol para poder dançar no Faustão ou pedir música em boate. Eles entendem
futebol além da normalidade profissional e fantasiosa. Eles jogam porque
gostam. Vejam o Messi, que mesmo não querendo, continua com o sangue azul.
Nunca o vi comemorar um gol dançando tango. E agradeço enormemente por isso. E
o nosso argentino ia ainda mais além. Não só deixava de dançar, como também ia
para cima do juiz. Ele sabia, no fundo de seu âmago, que um gol não redimiria
seus outros oitenta e nove minutos em campo. Sabia que um gol não iria acabar com a
pobreza do mundo. Sabia que um gol não iria devolver um bispo ao seu lugar de
origem e, muito menos, da forma adequada.
Por essas e outras que, como um bom latino-americano que penso ser, só
tenho a agradecer. Loco e Herrera, vocês marcaram minha geração de
botafoguenses. Garanto-lhes que as portas de General Severiano estarão sempre
abertas a vocês, quer os outros queiram, quer não. Até Lugo. Até logo. Hasta
luego.
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