Elkeson, O Desgraçado
Nunca
acreditemos naquilo que vêm de formação inescrupulosa. Qualquer gênero de ser que
tenta burlar certas conseqüências contra si mesmo, hora ou outra, acaba rompendo
o silêncio da calmaria. E, sobre tais afirmações, pergunto: Seria Elkeson tão
certo de si? E sem pudor ou cinismo, respondo: Ele está amaldiçoado.
Apenas
a tentativa de fazer coincidir terríveis acontecimentos com algum ser amaldiçoado,
está fadado ao perigo da sabedoria. Alguns se sentem corajosamente capazes de
investigar, outros preferem o conforto de suas poltronas 2000. Mas acreditem,
este caso superou todas as expectativas otimistas e bonitinhas. Este filisteu futebolístico
está sendo amaldiçoado por, ninguém menos, do que Deus. E garanto-lhes, o
Botafogo nunca foi lugar de pessoas esclarecidas. A dúvida paira em nossas
cabeças como urubus pousam sobre as carniças. Observe as primeiras palavras
proclamadas por este sujeito, assim que pisou no terreno errado pela primeira
vez na vida:
“-Felizmente,
deu tudo certo. Agora, quero mostrar meu futebol e fazer o meu melhor pelo
clube.”
Fugindo
da normalidade das falas improvisadas dias antes pelo empresário, deu sua
primeira demonstração de perigo. Fez-nos acreditar que o seu melhor nos era
suficiente. E nós, fanáticos alucinados navegando em direção ao abismo, pedimos
socorro a nossa última esperança. Em vão. No
exato momento em que qualquer das mais singelas incógnitas foge da cabeça de algum
Botafoguense, podem ter certeza. Nem tudo vai sair bem. Ou, mais seriamente,
quase nada sairá nos conformes. Não tardou, o dia escureceu. Porém, apenas
quando a maré abaixa podemos analisar o estrago. Antes tarde do que nunca.
E
assim, fui hoje convocado para assistir Botafogo e Cruzeiro. Entrei no Grande
Engenho mais moderno do mundo sem preocupações. Sabia apenas que alguma coisa
de sobrenatural iria acontecer, e como qualquer bom acionista, compareci. Só
não esperava tanto.
Tudo
seguia na mesma ternura afável de qualquer jogo alvinegro. Juizes claramente
mal-intencionados, a fúria divina e a torcida tuberculosamente desnecessária e
maléfica. Até que em meados do segundo tempo, olho, magneticamente, para o
banco de reservas. Instantaneamente, o técnico chama ele, o desgraçado. E a
torcida, após o delay natural, aplaude. Sem saber o significado de tal ato, e
muito menos com vontade de entendê-lo, observei o primeiro, dos três raios
cósmicos. Gol do oponente. Continuo a observar o andar daquele bicéfalo em
direção à placa de substituição. Pisa em campo. E antes de pensar em respirar, Outro Gol.
Toca pela primeira vez na temida. Virada benzida.
A
partir deste tipo de decorrência, passamos a questionar-nos sobre tais poderes
divinos. Devemos orgulhar-nos de tê-lo na equipe, um ser maravilhosamente
querido pelos adversários e com uma predestinação destruidora invejável? A
Solução resume-se em uma palavra. Síria. Aproveitando a brecha das fortes
orações, talvez ele pudesse achar a salvação da humanidade passando alguns
verões lá.
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