terça-feira, 12 de junho de 2012

Victor Junior, O Adicto

Após meses sem algum ser impreterivelmente convencido de que sua vida se resumia as suas tentações, o caminho da luz reapareceu. E esse tal de Victor Junior demonstra com perfeição o que é ser viciado no objeto de trabalho. Para se ter uma idéia, ele não consegue ficar quieto em bancos de reservas. Ele foge, misteriosamente, de seus companheiros, e quando menos se espera, lá está ele. Trabalhando como gandula.


Esta fixação, que tomarei a liberdade de chamar vício, no entanto está aquém de julgamentos pretensiosos. Ninguém poderá dizer, com absoluta convicção, que obsessão é um defeito. E levando a vida como qualquer outro mortal, ele não aguenta de ciúmes ver a pelota com outro. Ela lhe pertence. Ao menos em seu âmago. E este sentimento é louvável. Porém, quando a tem, não sabe muito bem o que fazer, de tamanho ecstasy. Traz ela pra cá, ela vai pra lá. Chama-a de querida, e esta corre para a lateral. Ele persiste como qualquer pedinte de lanchonete e, hora ou outra, ela volta. Assim, gruda nela como o mel lambuza o urso. E um segue com medo do outro.

Com tamanha empolgação, entrou em campo domingo procurando a coitada. Não tardou a achá-la.

Primeiro gostaria de dizer que é inadmissível O Glorioso perder para o Náutico. E digo isso sem pretensão de limitação. O Botafogo não pode perder para um time com este nome, em quaisquer circunstâncias. E mais, em qualquer esporte.
           
Mas, ainda precisávamos da confirmação. E o lance do terceiro gol adversário foi esplendorosamente saudável pra este time. Ele, navegando na pura ingenuidade de um bravo guerreiro pré-histórico, acredita que todos a sua volta vêem o mundo da mesma forma. Pensando, ou não, que nosso terceiro goleiro era aficionado como ele, recua uma bola arriscada. Ora pois, um atleta que perde a vida sendo terceiro goleiro não pode querer descer ao reino dos viciados. Gol. A ilusão de igualdade sentimental é algo que apenas os neuróticos conseguem ter. E, sendo, culpa dele, nada mais me resta, a não ser um bem-vindo.

Observando um pouco mais severamente a jogada, está foi a prova que nos faltava. É ele. O vagabundo que nós, Botafoguenses, temos orgulho de hospedar. Após meses de solidão, o nosso time volta a ter um elenco característico. O nosso time nunca, e repito, nunca, conseguiu alguma coisa sem ter ao menos um viciado no elenco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário