terça-feira, 19 de junho de 2012





Quando Os Bravos Fogem, Os Covardes Vão Embora

A espera está demorada e apesar de todas as impossibilidades que sempre nos agradaram, nós continuamos aqui, à sua disposição. Notícias e previsões pouco condizentes estão batendo em nossas portas semanalmente, há anos. Mas não podemos negar, conforme o tempo passa, está demora se transforma, cada vez mais, em algo magnificamente colossal.
           
Não é de hoje que nós gostamos de suspenses. Aliás, em qualquer instância, nada para qualquer botafoguense é de hoje. Temos o prazer incomum de poder comparar tudo com alguma coisa do passado. Este dom é raro, e de extremo perigo social. O risco de fecharmo-nos em análises pouco comprobatórias para os demais, assola-os da mesma forma em que uma frágil presa sente medo do perfume de seus concorrentes alimentícios.
           
Mas não podemos, jamais, iludir-nos com a ignorância alheia. E, com um toque de paciência, veremos que a melhor solução para tais conversas é a fuga. “Ora pois, mas fugir nunca foi uma opção coerente”, diria o português da esquina. Pois bem, fuja dele também. Os outros só servem para atrasar nossas próprias conclusões.
           
Sendo assim, em 1911, ano mais importante da história do futebol carioca, o quadro de sócios alvinegro diminuiu quase pela metade. O motivo? A fuga de nossos corajosos patronos. Eles fugiram da arrogância dos ricos. Fugiram da argumentação conservadora dos bigodudos. Fugiram das mentiras entrelaçadas nos discursos altruístas. Sempre as mentiras. E, como não havia de ser diferente, todos os imbecis foram embora. Não por rebeldia, mas por falta de compreensão. Assim feito, os trezentos remanescentes formaram o verdadeiro Botafogo. E a partir disto, construímos nossas próprias características, tão peculiares e temidas.

Conforme o tempo passa, mais sinto necessidade de outra transformação desse nível. O Botafogo nunca foi um clube condizente com a massa. Nossos times nunca souberam jogar em estádios lotados. E que arremessem paralelepípedos aqueles que discordem. Botafoguense não entra em discussão, declara guerra. Botafoguense não pede apoio, se desespera com palavras como esperança e solidariedade. Botafoguense não busca mudar o mundo, ao menos não antes de achar sua própria salvação.

Por essas e outras que nós, integrantes de uma espécie que deveria estar em extinção, proclamamos:

“O último reduto underground voltará à força máxima. E todas nossas noites mal dormidas se virarão contra vocês, ordinários carentes e solidários; assim nas trevas, como no céu!”

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