Quando Os Bravos Fogem, Os Covardes
Vão Embora
A espera está
demorada e apesar de todas as impossibilidades que sempre nos agradaram, nós
continuamos aqui, à sua disposição. Notícias e previsões pouco condizentes estão
batendo em nossas portas semanalmente, há anos. Mas não podemos negar, conforme
o tempo passa, está demora se transforma, cada vez mais, em algo magnificamente
colossal.
Não é de hoje
que nós gostamos de suspenses. Aliás, em qualquer instância, nada para qualquer
botafoguense é de hoje. Temos o prazer incomum de poder comparar tudo com
alguma coisa do passado. Este dom é raro, e de extremo perigo social. O risco
de fecharmo-nos em análises pouco comprobatórias para os demais, assola-os da
mesma forma em que uma frágil presa sente medo do perfume de seus concorrentes
alimentícios.
Mas não
podemos, jamais, iludir-nos com a ignorância alheia. E, com um toque de
paciência, veremos que a melhor solução para tais conversas é a fuga. “Ora
pois, mas fugir nunca foi uma opção coerente”, diria o português da esquina.
Pois bem, fuja dele também. Os outros só servem para atrasar nossas próprias
conclusões.
Sendo assim,
em 1911, ano mais importante da história do futebol carioca, o quadro de sócios
alvinegro diminuiu quase pela metade. O motivo? A fuga de nossos corajosos
patronos. Eles fugiram da arrogância dos ricos. Fugiram da argumentação
conservadora dos bigodudos. Fugiram das mentiras entrelaçadas nos discursos
altruístas. Sempre as mentiras. E, como não havia de ser diferente, todos os
imbecis foram embora. Não por rebeldia, mas por falta de compreensão. Assim
feito, os trezentos remanescentes formaram o verdadeiro Botafogo. E a partir
disto, construímos nossas próprias características, tão peculiares e temidas.
Conforme o tempo
passa, mais sinto necessidade de outra transformação desse nível. O Botafogo
nunca foi um clube condizente com a massa. Nossos times nunca souberam jogar em
estádios lotados. E que arremessem paralelepípedos aqueles que discordem.
Botafoguense não entra em discussão, declara guerra. Botafoguense não pede
apoio, se desespera com palavras como esperança e solidariedade. Botafoguense
não busca mudar o mundo, ao menos não antes de achar sua própria salvação.
Por essas e
outras que nós, integrantes de uma espécie que deveria estar em extinção,
proclamamos:
“O último
reduto underground voltará à força máxima. E todas nossas noites mal dormidas
se virarão contra vocês, ordinários carentes e solidários; assim nas trevas,
como no céu!”
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