A Itália Botafoguense
Podem
duvidar, falar que é locura ou utilizar qualquer outra argumentação infalível,
mas afirmo desde então que a Itália aprendeu muito com o Botafogo. Não só
aprendeu, como agora cisma em querer imitar-nos, da forma mais plagiosa possível.
Vide a cavadinho do Pirlo. Essa ligação da Itália com conquistas improváveis e
o desprezo por campeonatos fácies tem uma origem. Arrisco dizer que sem o
Botafogo, a Itália não teria história no futebol. Não teria referência.
O italiano,
por natureza, é aquele ser que gosta de ser xingado. Ele não sente estímulos na
vida sem ao menos ouvir sua mãe ser convocada para trabalhar no cabaré mais
próximo. Em outras culturas, este tipo de declaração é uma afronta. “Mete a
minha mãe no meio que eu meto no meio da tua”, diria o transtornado em crises
existências. Mas o italiano não. Ele utiliza de sua superioridade moral para
seguir em frente. Como
prova de tamanha ignorância puritana, Benito Berlusconi é ídolo na Itália. Só
na Itália.
Da política ao
futebol, é um pulo. Ao menos para nós. Italianos, assim como botafoguense,
acham que as duas coisas andam juntas. Todo ano algum jogo do Botafogo é adiado
por conta de seu rival. Se o adversário não pode comparecer ao compromisso, W.O.
Às vezes me pego pensando: A CBF é um órgão político que trata de futebol? A
CBF é um órgão futebolístico que não trata de nada? A CBF é um órgão ou uma
simplória espécie de câncer? Admito que qualquer resposta não me será
satisfatória.
Em 2006, à
véspera da Copa, o campeonato italiano revelou suas propriedades travessas. E
os comentaristas vespertinos e prematuros analisavam o futuro fracasso da
azurra. Conseqüência? O título mundial. Meus caros, não caiam dessa balela
moralista assustadoramente evangélica que esse pessoal proclama. Manipulação de
resultado tem em qualquer lugar. E é exatamente nesse ambiente pessimista que
nós nos criamos. O péssimo é sempre mais atraente que o ótimo. Tragédias são
muito mais emocionantes do que as comédias. Sem o Botafogo no mundo, a Itália
sucumbiria a tais injurias e perderia. Nós estamos no mundo por um único
motivo: Acabar com a falsa felicidade alheia. Não por menos, quando um jogador
dá algum drible desconhecido por lá, eles profanam: “À lá Garrincha”.
Ontem,
perdemos para a Macaca no Grande Engenho. Eu acharia vergonhoso ganhar de um
time com este apelido. Acordei hoje e fui à padaria tomar um café. No meio do
meu pacifico primeiro cigarro, Seu Manoel ameaça uma provocação:
-Que
derrota ontem, hein? – e começou a contar-me como foi o jogo, achando que eu
não havia assistido. Afinal de contas, eu tinha tudo para estar possesso, mas
estava ali, em uma calma quase que contagiante – Aí, o jogador ficou na cara do
gol e chutou. 2 a
1. E o Botafogo...
-Calma,
Seu Joaquim – interrompi apagando o cigarro - Primeiro, não pronuncie esse nome
em vão. E
segundo, o senhor já ouviu as expressões piedade e “azar de campeão”?
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